terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Nostalgias

A gente tenta falar que esquece. A gente tenta mentir pra nós mesmos e pra's outras pessoas. Só que não dá. Chega dessa hipocrisia sentimental de fingir que está tudo bem, que vai passar. Não vai passar. As coisas ficam. As coisas permanecem dentro de nós por muito tempo. E falando em tempo... ele passa, mas ele não leva com ele as coisas da gente, do nosso peito, da nossa cabeça. Nós temos o nosso próprio tempo e fazemos dele o que quisermos. Perdemos ou ganhamos. Total, não vai passar.

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Soneto da esperança

Na avenida daquela cidade
Existia uma estrada que me levava à vida
E eu sorria, sorria, sorria
Toda vez que avistava aquela criança perdida

No meu ombro a segurava
Nunca a deixei cair
Até que um dia um homem me para
E aquela criança parou de sorrir

Era um homem velho e com jeito de machão
Mas de macho só tinha cara
Porque era covarde que nem um inocente cão.

Ele queria me tirar daquela criança
E eu chorei, chorei, chorei
Quando percebi que ela continuava perdida.

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Muito além do sofá

Crescer e, mais do que isso, libertar-se de alguns pequenos e sufocantes erros do passado é algo que exige não só coragem, mas amor à própria vida. E que amor eu sinto pela minha vida, minha pessoa e todas as coisas que posso dizer que são "minhas". Ainda carrego o violão nas costas, os livros nas mãos e muitas, muitas pessoas e coisas no meu coração. E não para por aí: eu ainda tenho uma vida para redescobrir e brincar. Brincar com o cantarolar dos pássaros e de alcançar as estrelas. E ainda tenho muitas, muitas pessoas e coisas pra conhecer e só assim, carregá-las comigo. E de pensar que eu ainda tenho 30, 40, 50 anos pra cima de vida, de ar puro, de felicidade, de tédio e medo, de vontade compulsiva de comer, dormir, chorar, gritar... E de pensar... já me dói pensar.

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Biografia em ré bemol maior

É como uma nota musical: suave, limpa, pura. Uma nota que tu sabes que foi feita para tocá-la, mas não sabes porque o nome dela é esse, quem a inventou, o que queriam fazer, o que queriam que ela fosse. É um meio termo. É uma meia "indecisão", meia "confusão" e todas as respectivas palavras que terminam com "ão". É uma meia saudade, meia lembrança, meia caras&bocas. É tudo pela metade. As coisas que faz, as coisas que quer fazer, as atitudes, até as pessoas são pela metade. Nunca é suficiente, nunca é o bastante, nunca é nada. O que se sabe é que as palavras são parte integral de uma pessoa, ela só tem que saber usá-las no seu dia-a-dia e ao seu favor, como forma de subsistência ou desabafo. Entretanto, continua sendo um meio termo e uma só pessoa. Um coração gigantesco, mas só entra lembranças, amores, paixõezinhas, pessoas, ídolos - ou qualquer outra coisa - se passar por um processo seletivo mentalmente rigoroso. É um mistério até hoje. Uma coisa de "eu entendo, mas ao mesmo tempo não entendo". E nunca houve qualquer tipo de entendimento ou atitude para chegar a essa resposta. A resposta que eu quero tanto ouvir e que, acredito eu, todos os seres humanos estão em busca. Às vezes sufoca estar presa aos braços dos outros. Às vezes sufoca continuar sempre a mesma pessoa. Às vezes sufoca se quer me amar. E olha no espelho e se acha linda. E olha no fundo dos seus olhos e estoura à auto-confiança. Herança de Narciso. Herança dos meus pais. E aqui vou eu, mais uma vez, ultrapassando o entendimento que eu não tenho. Ainda.


O que é maior que o céu?

Porque pra mim, viver está muito além do azul do céu. Ultrapassa a mínima decisão de enchermos o nosso pulmão de ar e o nosso peito de coragem. Viver é algo que me contagia inconscientemente e não há nada que possam fazer para tirar essa vontade insana de ultrapassar os sentidos da vida. Minha alma é eterna. Todas as almas são eternas, mas eu falo que a minha é mais, porque eu vagamente sinto isso. Minha alma é eterna. Me causa arrepios pensar que eu já vivi inúmeras vidas, já amei inúmeras pessoas e já perdi inúmeras oportunidades. E não é pelo simples fato de estar aqui, viva, que me assusto quando nossos ancestrais clamavam que "para morrer, basta estar vivo". A morte é um caminho longo e tardio, ora tedioso e monótono. Para morrer basta não querer mais nada. Para morrer basta a podridão de um jardim que antes era florido, a negação de abraços e sorrisos para alguém carente, o egoísmo de amar alguém mas não demonstrar esse amor. Não basta só o coração parar, o peito murchar, a pele ficar branca. A vida tem que passar em branco, as horas, tão lentas, passam despercebidas, porque você não liga para elas. É assim. É assim que acontece a morte constante das coisas, principalmente as bonitas, aquelas que se perderam nesse mundo horroroso, nesse caloroso inferno. Preciso ver mais, preciso ver mais o azul das coisas.

Ainda, ainda.

Ainda mexe, ainda mexe. Aqui dentro, no meu peito. Aqui dentro, na minha cabeça. Aqui dentro, dentro de mim. Ainda mexe.

Tão sério e selvagem, selvagem

Teus lábios, tão lindos. Me tocavam suavemente, molhavam também os meus lábios, tão doces. Faz tempo. Faz tempo que não toco na tua pele, que não seguro a tua mão, que não te olho. Ah, esse olhar, tão lindo. Me devora em pensamento. Me arranca a carne mais pura do meu corpo: meu coração. Me levou. O levou. E aqui estou eu. Me escondendo pelos cantos junto com a poeira que sobrou do teu palavreado. Alguns dizem que quando alguma coisa permanece intacta por algum tempo aqui dentro, o vento o leva. Por que comigo é diferente? As coisas, a forma como elas funcionam, os fatos, as respostas. Eu nunca as tenho. Eu sempre as perco. E nesse turbilhão de percas na minha vida, eis que surgiu você. Me apareceu como um sonho bom. E é. Até hoje. Meu melhor sonho. Perdi. O vento levou. Foi o que me disseram. Foi o que eu preferi acreditar.

"E hoje a noite não tem luar, eu estou sem ela".

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Alguns "alguéns"

São tantos. Inúmeros. Alguns ficam, outros se vão. Alguns se vão pra sempre, outros sempre voltam. E como diriam os mais sábios "este é o ciclo da vida". Pois que ciclo, ein? Partimos corações e partem os nossos também. Conhecemos gente que nunca pensaríamos que um dia pudéssemos conhecer. Nos relacionamos, nos apaixonamos e, algumas poucas e raras vezes, amamos também. A juventude vai passando e cada dia é uma nova história, uma nova lembrança a ser relembrada no outro dia. Amadurecemos em meio à tantas vividas, à tantas conquistas e percas. Caimos. Faz parte, né? Choramos, brigamos, teimamos, sorrimos, gritamos, corremos, fugimos, so-bre-vi-ve-mos, quando na verdade deveríamos estar aos troncos e barrancos vi-ven-do. E por aí vai, e por aí fico.

18:18

Esse som que cantarola nos meus ouvidos dia após dia. Esse sussurro clamando por socorro. Esse toque inseguro na minha pele. Esse olhar que me joga contra a parede, que arranca o meu sangue e que me tira algumas lágrimas. Quem é você? O que você quer de mim? Eu tento encontrar respostas, eu preciso encontrar respostas. A chuva cai na minha pele e molha os meus cabelos. E a minha cabeça começa a passar todo um filme sem roteiro, sem enredo, sem nada. Fica tudo assim: estranho. Eu tento me agarrar em ti, me agarrar nas pessoas que eu gosto, mas quando eu penso que eu pude segurá-las, quando eu se quer penso que eu estou nas mãos delas, meu desejo é sair correndo, me libertar de novo. E assim se vão os meus dias de "a fugitiva". Eu me encontro exatamente no mesmo lugar que estive a tempos atrás. Eu preciso, eu realmente preciso de. Eu sei que preciso de alguma coisa. Ora, todos precisam. Eu sei, eu sei.

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Te sentir

Era um vazio. Como no meu sonho, mas mais. Você parecia, no sonho, entender o que eu estava sentindo. Você me aconselhava. Ora, você. A pessoa que eu menos esperava na minha vida, ali, no sonho, me confortando, me cuidando, me amando. E eu a deixei. Não sei se aos prantos, mas angustiada, sozinha. Eu a deixei. Tirei a esperança, a expectativa, a certeza incerta. Eu poderia ter sentado, ter olhado fundo nos olhos dela, ter dito tantas e tantas coisas, ter abraçado, ter prestado meu carinho, todo o meu amor. Nem isso o fiz. E agora toda essa tua "coisa" - que inexplicavelmente eu não sei definir o que é - transparece em mim. Com toda a insegurança que se pode existir. Eu só queria te sentir. Do meu jeito. Te sentir.