tag:blogger.com,1999:blog-53160473587364302152024-02-19T02:01:55.881-03:00Poeta de PrivadaFernanda F. Albertihttp://www.blogger.com/profile/17115350563276399851noreply@blogger.comBlogger495125tag:blogger.com,1999:blog-5316047358736430215.post-7635149224962691572023-10-31T16:31:00.002-03:002023-10-31T16:31:11.599-03:00Um até logo justo<p>Antes eu me imaginava andando ao teu lado sempre, </p><p>em algum entardecer qualquer, nos bares, ouvindo o ritmo da cidade, </p><p>eu sabia que não seria para sempre, </p><p>mas se eu pudesse eu congelaria o tempo para ficar só com você</p><p>Antes eu corria para chegar cedo ao teu encontro, </p><p>eu cantava a música que eu sabia que você gostava,</p><p>eu até fazia as (melhores, sim) piadas mais sem graça, </p><p>porque você achava graça da minha graça</p><p>e ouvir a tua risada era a coisa mais linda desse mundo</p><p>e por falar em mundo,</p><p>eu espero que ele te abrace</p><p>eu desejo que ele te toque e que você siga tocando outras pessoas,</p><p>outros mundos, outras energias</p><p>que a sinergia dos teus encontros seja mágica</p><p>eu espero que o mundo te dê abrigo, quando tudo parecer abandono</p><p>desejo que te dê alento, quando você não tiver mais fôlego</p><p>sabe, eu tenho que confessar que eu muito me assusto</p><p>em perceber que esse é um até logo justo, para mim, para você</p><p>para onde vai o amor que a gente sente quando a gente simplesmente não pode mais deixar vingar?</p><p>se eu encontrar um espaço para alocar ele dentro de mim, eu te conto</p><p>eu posso até te mostrar, te dar a certeza que o que é pra sempre pode não perdurar no espaço-tempo, </p><p>mas permanece infinito dentro de nós.</p><p><br /></p><p><br /></p>Fernanda F. Albertihttp://www.blogger.com/profile/17115350563276399851noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5316047358736430215.post-33396021686557683172023-03-16T12:16:00.003-03:002023-03-16T12:16:46.185-03:00Queda livre<p style="text-align: justify;">Escrevo de um outro lugar. Um lugar com vistas altas, perto das nuvens, dos pássaros. Chegar até aqui foi difícil no começo - a persistência nunca foi o meu forte - mas algum caminho que eu percorri foi suficiente o bastante para estar aqui. Falo dessa vista alta porque a altura nunca foi algo que eu gostasse - me chama a atenção. Estar no alto me gera medo, insegurança, angústia. A queda livre é uma consequência certa, caso dê um passo em falso, e eu sou mestre em dar falsetes, modéstia parte. A liberdade de voar é o figurino da alma, que se costura na carne como um pássaro bate asas - estamos em busca disso, e queremos constantemente garantir que estejamos livres. Como uma corda bamba presa na altura, tu precisa contorcer o corpo e direcionar teus pés um em frente ao outro para poder andar. Teus braços formam uma asa, que segura e dá sustento. É preciso ser breve, mas cauteloso: sem movimentos bruscos, ou cai - mais uma vez - em queda livre. Os segundos que antecedem a queda são imprecisos mas fáceis de sentir no corpo. A respiração fica ofegante e o coração bate acelerado. Não podes controlar, é fisiológico. Te desesperas. O desespero é irracional. Quando surge, nos direciona para outros lugares que muitas vezes não conseguimos lidar sozinhos. É atravessado por um emaranhado de gatilhos e traumas de coisas dessa e de outras vidas. Nos boicota. Garante um espaço na nossa neblina da mente. É sufocante. Enquanto isso, tua queda continua, numa velocidade que aparentemente se manteve constante. Só cai. Não sentes mais nada, a adrenalina tomou conta do teu corpo. É sobre isso: não garanto minha constância, minha essência é de uma matriz romântica-abstrata, meio <i>indie</i> e sem filtros. Tem coisas que a gente não consegue controlar e está tudo bem. Façamos desse processo o menos doloroso possível. Enquanto cai, respira pela última vez e sente teu corpo adormecendo em paz. É tempo de naturalizar a queda e respeitar o teu processo de bater asas e a tua matriz primordial. </p><p style="text-align: justify;"><br /></p><p style="text-align: justify;"><br /></p><p style="text-align: justify;"><br /></p>Fernanda F. Albertihttp://www.blogger.com/profile/17115350563276399851noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5316047358736430215.post-4300404292517778452022-05-03T18:54:00.001-03:002022-12-19T12:46:58.266-03:00Retrato vazio<p>Me vem um mal-estar, assim, do além. Principalmente quando começo a fazer as coisas do dia-a-dia; quando lavo uma louça ou uma roupa, quando cozinho alguma coisa, quando preciso meramente escrever algo do trabalho. </p><p>É como se estivesse contido dentro de mim uma mistura de sentimentos ruins que começam a emergir, todos juntos, mas consigo sentir na individualidade cada um.</p><p>Primeiro sinto a garganta trancar, depois sinto uma sensação de "queimação" no nariz e por último meus olhos liberam lágrimas. Bem assim, mas não necessariamente nessa ordem.</p><p>E aí começo a tentar entender o que é se passa na minha cabeça quando tudo isso começa a sair. O primeiro sentimento que me vem na cabeça é a nostalgia. Tudo que eu faço, me lembra, de alguma forma, como era antes. E eu sei que eu não posso voltar atrás, mas ainda não consegui aprender a tirar o peso das minhas costas da decisão que foi errada para mim. O "antes" que eu me refiro era como minha vida era antes de eu ser assim - algo que eu ainda não descobri, mas que parece ter me modificado de uma forma imensurável. Eu entendo que preciso ressignificar quem eu sou. Que eu continuo sendo a mesma, mas olhando de uma perspectiva diferente, com um amadurecimento emocional e fortalecimento internos muito expressivos agora. Mas eu era feliz antes. E era uma felicidade genuína: eu tinha uma casa que eu chamava de lar, compartilhada com dois gatos que eu jurei ser responsável e cuidadosa, e partilhada de afetos com o meu amor. Tinha um trabalho que eu amava fazer, pois me proporcionava conviver com pessoas que eu gosto. Agora parece que até o sorriso posto em fotos é um retrato vazio. Que o acordar é só pra me lembrar que não existe mais nada aqui dentro desse imóvel que eu tento, juro que tento, chamar de "meu lar". Que não existe ninguém dentro desse imóvel pra eu chegar do trabalho e compartilhar o meu dia, por mais monótono que ele seja. Que agora tudo tem que ser por vídeo ou ligação. Não existe o físico, o contato, a presença. Existe angústia e aflição por ter que contar os dias e olhar o relógio ininterruptamente pra ver o meu amor, pra sentir alguma coisa diferente daquilo que parece ser o meu novo "normal". Eu até tento fazer coisas diferentes, sair jantar na casa das amigas, tomar chimarrão na frente do prédio, dar uma caminhada, ir em algum lugar fazer alguma burocracia chata do dia a dia. Até fui à lotérica realizar o pagamento de uma conta (sendo que eu faço isso sempre online), só pra fazer uma coisa diferente. Mas é tudo tão igual sempre. Me locomovo olhando pra baixo, porque eu não tenho vontade de ver a luz do dia. Porque eu não sinto vontade de ver a cara das pessoas. Porque elas me cansam. Porque elas me lembram que eu não sou feliz assim. Porque porto alegre tem me colocado pra baixo. Pessoas na rua, morrendo de fome, sede, frio. Pegando chuva. Sem nada. E eu aqui, com meus privilégios, minha cama quente e meu leite morno, "reclamando" da forma como a minha vida anda. Tudo me afeta. É sobre acordar cedo, ter coisas pra fazer e fazer tudo tão calmamente, mas sem sentimento, sem pertencer. Não sinto vontade de tomar banho e vou dormir. Acordo. Parece que todos os meus problemas sumiram. Me alimento. Faço um café digno de hotel. Tomo os meus remédios. Assisto série. Todo banho. Arrumo a casa. Penduro decorações na casa. Me sinto a pessoa mais independente emocionalmente possível do mundo de todos que me cercam. De repente, vem uma felicidade e gratidão imensa por tudo que eu tenho e construí. Me vem uma vontade imensa de viver e estar ao lado de todos que eu gosto. Faço planos. Imagino um futuro diferente. Imagino como vai ser quando eu for nomeada e a festa imensa que eu vou dar porque isso me deixa puta orgulhosa de mim, de todo o esforço e dedicação que eu coloquei em cima desse sonho. De tudo que ele vai poder me proporcionar a longo prazo, como estabilidade, dinheiro para os meus luxos, vícios e pra cuidar de mim. Imagino a minha casa própria. O meu carro próprio. Imagino quantos cachorros e gatos de ongs eu vou ter e quantos mais eu vou ajudar a resgatar e ser lar temporário. Vejo que eu tenho sonhos (e muitos) e que basta um empenho meu para que muitos deles se realizem. </p><p>Mas sempre parece ter algo em mim que me barra de enxergar tudo nessa perspectiva boa. Sempre. Parece que meus dias vão ser sempre nesse looping entre ficar triste e ficar feliz. E isso vai me remoendo aos poucos, me consumindo, mas principalmente, me deixando cansada. </p><p>Escrevo tudo isso que é pra me lembrar que sempre existirão dias assim, em que a vontade de ficar anulada numa cama com as luzes apagadas é maior do que qualquer outra coisa nessa vida. Mas me tranquilizo e peço calma. Os dias hão de ficar bons.</p><div><br /></div>Fernanda F. Albertihttp://www.blogger.com/profile/17115350563276399851noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5316047358736430215.post-46487479765601231492019-01-16T13:03:00.000-02:002019-01-17T13:03:52.497-02:00Dia 16 de 365Em toda a imensidão deste mundo, eu só queria dividir o meu cosmos com você. Nunca me imaginei num mesmo espaço que tu, depois de tudo, assinando a nossa carta de "desfaz-nós". Se cerró mi corazón. De vez, desta vez. Fechado, lacrado. Empedrado. Sonolento. Hibernei. E era como se isso fosse o suficiente pra me dizer "calma, vai passar". Mas você não passou. Eu sai da sua vida. Você não saiu da minha. Não tem como dar certo.Fernanda F. Albertihttp://www.blogger.com/profile/17115350563276399851noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5316047358736430215.post-27257971459833200382019-01-15T12:59:00.000-02:002019-01-17T13:00:15.659-02:00Dia 15 de 365Mais uma sessão. Dessa vez eu fui e sai feliz. Era como se isso me bastasse para aguentar as minhas lutas internas. E me basta. Tenho perdido o sono durante a noite, porque a escuridão é algo que mais me cativa nesse momento. Talvez seja o reflexo do que tenha sido a minha vida nos últimos dias. Eu ando só. E estar só me faz bem.Fernanda F. Albertihttp://www.blogger.com/profile/17115350563276399851noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5316047358736430215.post-46743990237260480382019-01-14T12:58:00.000-02:002019-01-17T12:58:53.116-02:00Dia 14 de 365A cada blues ou jazz que eu ouço me vem uma memória impossível de ter sido vivida por mim. É como se eu colocasse o meu corpo, literalmente, para fora da minha mente. As minhas pernas já não sinto mais. Meu coração aterrizou no mais plano dos solos. Eu estou em Marte. A vida em Marte é um pesadelo. E todos os dias eu acordo acreditando que isso vai mudar.Fernanda F. Albertihttp://www.blogger.com/profile/17115350563276399851noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5316047358736430215.post-75275036092583788802019-01-12T12:19:00.000-02:002019-01-14T12:20:36.183-02:00Dia 12 de 365Qualquer movimento que eu fizesse, me lembrava um pouco das tuas cores. Persuadi a minha mente, confundi-a com outréns. Ela me respeitou. Isso basta.Fernanda F. Albertihttp://www.blogger.com/profile/17115350563276399851noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5316047358736430215.post-10248341791375044422019-01-11T12:17:00.000-02:002019-01-14T12:19:52.533-02:00Dia 11 de 365Entre um acaso e outro, eu te encontrei. Não posso dizer que é amor (não sei quanto tempo leva pra se curar um amor que ainda não passou na avenida), mas posso dizer que tenho apreço e carinho por uma moça. É dela que eu consigo observar as minhas amarras e me mover a partir delas. Esse dia foi típico de uma viagem espacial. E eu segui a órbita que o meu corpo pediu.Fernanda F. Albertihttp://www.blogger.com/profile/17115350563276399851noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5316047358736430215.post-6095720259897587382019-01-10T12:16:00.000-02:002019-01-14T12:17:32.388-02:00Dia 10 de 365Tenho amigos que me guiam cada dia a uma aventura diferente. Eles me fazem felizes. Talvez nem saibam, mas muita coisa desenterrada em mim seguiu firme e com os pés no chão por causa deles. É o tal do suporte que a gente tanto fala em terapia. Me coloco em suas mãos e a partir delas posso ver o tudo-nada que o universo se encarregou de me mostrar.Fernanda F. Albertihttp://www.blogger.com/profile/17115350563276399851noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5316047358736430215.post-13156601659713851832019-01-10T01:53:00.000-02:002019-01-10T01:53:36.903-02:00Dia 9 de 365Comprei uma planta e hoje não me sinto só. É dessas plantas carentes que nem a gente: tem que aguar todo dia e pegar sol. Gosta de carinho. Gosta do toque. É dessas plantas que sucumbe energia breve do mundo pra mim. Hoje eu fui astronauta. Eu tive saudade de casa. Eu tive saudade do amor. Eu tive saudade da vida. Por muito tempo respirei desprotegida. Hoje faço da minha respiração um evento de comemoração à vida. Eu estou aqui ainda. Isso não seria bom?Fernanda F. Albertihttp://www.blogger.com/profile/17115350563276399851noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5316047358736430215.post-34146560407086417072019-01-08T01:50:00.000-02:002019-01-10T01:50:53.383-02:00Dia 8 de 365Terapeutiquei. Se é que existe essa palavra, agora faço-a existir no meu vocabulário. E foi aliviador. Não, não aliviou. Na verdade, foi frustante. Não, esperaí. Eu não sei. Só sei que andei nas ruas de Porto Alegre por 40 minutos. Nas margens das ruas asfaltadas e conturbadas, eu caminhei e chorei. E isso foi aliviador. Por esse breve momento eu não sentia mais nada, além do meu próprio luto e da minha própria dor. Era como se isso fosse o que eu sou: me faço das minhas dores e das minhas alegrias; me costuro com o pouco de linha que me resta; cada ferida costurada é uma peça do meu quebra-cabeça. Entendi, com esse dia, que a partida é breve, o sono é leveza, a bebida um instrumento, os amigos nosso alicerce, a família nossa base e nós pertencemos a tudo isso e ao mundo. O universo é conspirador. Eu choco todo dia com os teus átomos e nem por isso sou tua. Eu tenho a minha própria energia e é dela que eu me reconstruo.Fernanda F. Albertihttp://www.blogger.com/profile/17115350563276399851noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5316047358736430215.post-40114867581333192762019-01-07T03:25:00.000-02:002019-01-08T03:36:19.018-02:00Dia 7 de 365Olha, moça. Descartei qualquer possibilidade de falar sobre qualquer caos que eu esteja vivendo só pra falar de ti. Tem aqueles reinos que a gente chega brevemente, visita os bosques das maçãs e retorna pra nossa morada no dia seguinte. Tem outros reinos que a gente se perde, desencontra o ponto de partida e senta no riacho chorar. E tem o teu reino, que é desses que a gente sente vontade de ficar cada vez mais, perder a noção do tempo, desconectar daquilo que parece ser um mundo "bonito". O teu mundo é lindo, pequena. E cada dia que tu me mostras um pouquinho dessa imensidão que tu carregas dentro de ti, eu me sinto cada vez mais a vontade de fazer do teu peito a minha morada, do teu olhar o meu abrigo, das tuas mãos o meu abraço. Dizem que a gente tem que aceitar o que os outros tem a nos oferecer, porque isso pode ser a única coisa que eles tenham. Tu tens no teu coração o que há de mais puro nesse mundo, o que há de mais resignificante e o que me reinventa cada dia. Olha, moça, eu não tenho estado muito bem, mas me sinto feliz em te ter aqui, mesmo que distante fisicamente, eu te sinto viva no meu peito. Eu só queria que soubesse disso de uma forma mais verbalizada, mesmo sabendo que tu tens enxergado tudo isso pelos meus próprios olhos.Fernanda F. Albertihttp://www.blogger.com/profile/17115350563276399851noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5316047358736430215.post-81569806385913505972019-01-06T19:49:00.000-02:002019-01-06T19:49:25.027-02:00Dia 6 de 365A solidão me mata. A minha palidez não disfarça: estou adoecendo. A minha cabeça fica dando voltas e voltas no tempo. Essa questão de temporalidade realmente me sufoca. Queria perder a memória e ficar só com o que eu vivo no presente. Li em algum lugar que nós somos programados para esquecer as alegrias e as nossas dores. Discordo totalmente. Nosso corpo engana. Nossa mente é uma falácia. Não caiam nessa armadilha. Li também sobre aceitar o que os outros tem a nos oferecer. Eu aceito, mas não obrigada a querer ficar. Tem gente que só tem podridão para nos dar. Outras pessoas dão amor. O que tu deu de mais bonito pra alguém hoje?Fernanda F. Albertihttp://www.blogger.com/profile/17115350563276399851noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5316047358736430215.post-2723997070231743592019-01-05T19:45:00.000-02:002019-01-06T19:46:15.030-02:00Dia 5 de 365Fiz da minha nova morada um cantinho simples e acolhedor. Tem meus livros, meus templos, minhas fotos, meus quadros, meus incensos e minhas roupas. É tudo que eu preciso. Tem a solidão também. Quase estava esquecendo dela. Tem uma vista pra uma pracinha onde se misturam jovens e idosos tocando violão. Penso eu que qualquer dia eu esteja lá também. Eu resolvi, então, sair pra bailar com um amigo. Nunca me senti tão viva e ao mesmo tempo tão morta por dentro. E era isso.Fernanda F. Albertihttp://www.blogger.com/profile/17115350563276399851noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5316047358736430215.post-89524568495114722272019-01-03T11:48:00.000-02:002019-01-04T11:49:18.377-02:00Dia 3 de 365Leveza. Era a natureza me chamando pra parar, pensar e respirar. Não pira. Rega as tuas plantas que garantirá a tua colheita. Desenvolva o teu corpo para se fortalecer e aguentar. Cada palavra é um soco no estômago, mas eu estou chegando perto, cada vez mais perto daquilo que eu acredito. Conviva com teus amigos, não julgue, não ofenda, não chores. Agenda a tua terapia e sorria de feliz por saber que haverá alguém te esperando do outro lado pra ti falar tudo que tu sentes. Foi o que eu fiz. É o que eu estou fazendo. Existe vida após um amor inacabado. Existe ar pra respirar. Existe muito amor pra viver. Existe a gente, em um brilho eterno de uma mente sem lembranças. Não pira, não pira - repete comigo. Vai ficar tudo bem.Fernanda F. Albertihttp://www.blogger.com/profile/17115350563276399851noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5316047358736430215.post-46966720926051403262019-01-02T23:00:00.000-02:002019-01-03T15:11:47.296-02:00Dia 2 de 365Dia atípico. Dia em que a angústia que eu sentia foi totalmente despida por Oxum. Limpei a alma, lavei o corpo, deixei sair. Cada lágrima derrubada era um pedacinho meu que ainda estava aqui, me corroendo e me machucando. Eu tinha sal o suficiente na minha pele pra impedir que qualquer coisa me fizesse mal. Eu fui feliz, mesmo calada, com a cabeça escorada a 46°C em um carro sem ar condicionado. Eu morria de calor, sem saber que o que mais me matava por dentro não tinha nada haver com a temperatura da mãe terra. Eu digo que fui feliz porque eu via a tristeza ir embora, e, mais do que isso, porque me permiti ser e estar triste. Vivi o meu luto. Cada dia eu vivo mais a morte da minha vida.Fernanda F. Albertihttp://www.blogger.com/profile/17115350563276399851noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5316047358736430215.post-59988365438989144392019-01-01T23:58:00.000-02:002019-01-01T23:58:11.366-02:00Dia 1 de 365Dia 1 de 365.<br />
Estava na praia. Caminhei sobre a areia por um bom tempo. O vento estava no ponto de eu ter que atar algo na cabeça para segurar os cabelos. Meu corpo exalava mar. Fiquei sentada observando as ondas quando me levantei para pular 7 delas em homenagem a Iemanjá. Como pedidos, gritava por paz e gratidão. Meu corpo exalava marijuana. Nas pequenas coisas, um riso tosco, de liberdade e luz. Era eu mesma ali. A própria. Sentada com a minha solidão onipresente. Finalizei a tarde tomando banho com as águas sagradas de Oxum. Meu corpo berrava "eu me entrego a ti, meu pai" enquanto lamentava mentalmente "encerra meus ciclos, me reconstrua, me des(conserta)". Era eu mesma. A própria.Fernanda F. Albertihttp://www.blogger.com/profile/17115350563276399851noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5316047358736430215.post-48887107133283434022018-12-21T03:27:00.001-02:002018-12-21T03:27:21.249-02:00Eu me viro bem sem vocêTenho tido dias bons. Eu me viro bem sem você. Exceto quando os dias são chuvosos e os trovões parecem corroer os meus ouvidos ao se misturarem com os infindáveis ecos da tua voz. Exceto quando cruzo por aquela rua que a gente já batizou com nossos desejos e sonhos. Exceto quando qualquer gesto bom que eu faça a qualquer estranho me lembre dos gestos bons que eu fazia por quem eu amara. Eu tenho me virado entre uma cerveja e outra, alguns amigos novos e algumas viagens loucas. Eu só não tenho me virado bem quando os dias findam e com eles se vão mais umas horas da minha vida em que eu senti a tua falta em tudo que eu fazia. Eu tenho me virado bem, exceto quando qualquer outro olhar me lembre o teu, qualquer outro cheiro me lembre o teu perfume da pele, qualquer outra casa me lembre o que um dia foi só nosso. Eu tenho me virado bem, exceto quando eu me angustio com as tuas escolhas que eu não teria feito, com as tuas mágoas que eu não teria guardado, com as tuas andanças em outras bocas e olhares que eu não teria sequer desejado se estivéssemos lado a lado. Eu tenho me virado bem. Difícil vai ser retornar ao mundo oposto do que eu vivo aqui daqui há um mês e perceber que, desta vez, eu realmente precisarei me virar, revirar e reinventar, só que sozinha.<br />
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<h1 style="background-color: white; color: #ff6600; font-family: sans-serif; font-size: 19px; margin: 0px; padding: 0px;">
I Get Along Without You Very Well</h1>
<h2 style="background-color: white; color: #b7b700; font-family: sans-serif; font-size: 17px; margin: 5px 0px 0px; padding: 0px;">
<a href="https://m.letras.mus.br/renato-russo/" style="-webkit-tap-highlight-color: rgba(183, 183, 0, 0.5); color: #b7b700; outline: 0px; text-decoration-line: none;">Renato Russo</a></h2>
<br />Fernanda F. Albertihttp://www.blogger.com/profile/17115350563276399851noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5316047358736430215.post-65872149696005593792018-12-18T23:37:00.000-02:002018-12-18T23:37:19.446-02:00RehabEu só queria passar por aquela porta que dizem ter luz do outro lado, sabe? Queria encontrar um rumo pro meu coração ferrado, que cessasse a dor do rompimento, que bifurcasse cada veia e cada artéria, milimetricamente calculado, para fora do meu corpo - esse corpo que tão meu que és, se arrepende amargamente de um dia ter sido tocado com gestos tão descontentes e agonizantes de amor. Esse corpo que hoje exala o enxofre e o odor mais podre já visto antes, porque apodreceu aquilo que deveria ter sido o farol mais bonito de encontro das luzes com as águas. Hoje me pego pensando que dói demais não saber dos meus dias, mas que dói mais ainda não conseguir me ver nos próximos dias em pé. Eu tenho andado de bar em bar, remoendo e gastando o pouco que me resta em vida, pra ver se em algum lugar eu encontro o infinito. Eu tenho buscado pela paz do meu espírito e da minha mente, mas se me pego sozinha, percebo que não tenho mais a mim, que não tenho mais quem eu fui. Para onde eu deveria correr? Que asfalto imaginário eu deveria caminhar? Quem foi que me fez assim?Fernanda F. Albertihttp://www.blogger.com/profile/17115350563276399851noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5316047358736430215.post-50874679320737617542018-12-07T10:20:00.001-02:002018-12-07T10:20:12.928-02:00Corpo, mente e espíritoEu corri pra longe porque eu não vi mais o sol, o chão, a lua. Eu via a tempestade da janela do meu quarto anunciar a renúncia a tudo aquilo que me corroeu e me fez sofrer. Eu percebi que eu tinha pouco tempo pra sobreviver. Eu precisava correr - rápido, veloz, intenso. No meio dessa corrida eu deixei tudo que eu amava pra trás. Deixei a parte mais bonita da minha vida amortecida após longos anos permanecendo em queda livre. Eu tive que correr, compreende? Eu corri pra longe pra tentar mudar. Talvez a dor passe se a gente parar de cavocar a ferida - foi o que pensei. Mas entendo que cada dia será uma construção mental e espiritual de elevação. E eu tenho vontade de me elevar. Eu corri pra longe e eu não trouxe nada comigo. Estar aqui em corpo, mente e espírito é o que me faz continuar.Fernanda F. Albertihttp://www.blogger.com/profile/17115350563276399851noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5316047358736430215.post-10400556179368131192018-11-19T19:29:00.000-02:002018-11-19T19:29:59.444-02:00Texto antigo, pra te ler em voz altaA literatura dos meus dias tem me corroído entre o dormir e o acordar. Quando percebo que a ferida que me bloqueia de pensar e agir infeccionou, me sento ao relento do sol e tento cicatrizar com outras feridas. As escoriações já não doem mais. São tantas marcas que, com o tempo e um trabalho mental árduo, se desfazem na medida em que os dias pesam e as palavras já não são mais ditas. Talvez não caiba a mim encontrar as respostas. Talvez eu devesse intermediar perguntas e aguentar o tranco com as minhas bebedeiras matinais. A necessidade é outra: sofro da falta de escrita. O coração vai bem. Mas é como se eu fosse um cano e tivessem tapado ambas as extremidades e me deixado ali, imersa, com água ou esgoto ou o que for. Sem respiração, apenas mantendo a calma e a sanidade - um dia me encontrarão - repito todos os dias. Mas não encontraram.<br />
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Vejo as palavras fugirem nas esquinas, me mantendo asfixiada com meus sentimentos, e ninguém percebe o quão em apuros me perco. Espalho as minhas desordens nas desordens dos outros e desoriento quem surge para me orientar. Que coisa, não? Passar os dias me remoendo, sem ninguém para falar.<br />
<br />Fernanda F. Albertihttp://www.blogger.com/profile/17115350563276399851noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5316047358736430215.post-35394964522312810242018-10-18T21:44:00.001-03:002018-10-18T22:04:02.248-03:00PoçalOuvi a porta tocar. Atendi o interfone. -Encomenda da internet para Fernanda - disse o motoboy. Achei que fosse de você pra mim. "Eu não encomendei nada", pensei, surpresa, mas feliz. A minha encomenda do mercado livre chegou mais cedo. Fiquei triste. Achei que fosse mais uma das tuas surpresas quietas, daquelas que eu não desconfiaria de forma alguma. Não era. Era só o meu anseio relutando em acreditar que ainda exista algo para eu esperar de ti e de nós. Não existe mais.<br />
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O que temos pro café da manhã? Um pão, talvez um café passado, ou meu coração num prato bonito qualquer?<br />
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Sai e fui tomar uma cerveja num bar. Não era um bar qualquer. É daqueles pertinho de casa, que a cerveja é gelada e tem cinzeiro. Estava chuviscando. Sentei na mesa de fora, mesmo assim, pois precisava de um cigarro também. Depois do meu flagra poçal que dei em mim, não havia o que eu não precisasse de consolo. A moça do bar perguntou "Dois copos?". Sofri com esse questionamento. Respirei fundo e me recordei que possivelmente ouvirei isso em todos os lugares que fomos. Não, apenas um - respondi.<br />
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Será que os barulhos dos carros refletem o teu barulho chegando a mim? Escuto teus sons.<br />
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Antes disso tudo eu estava em casa, afogando minha dor limpando qualquer coisa que eu visse pela frente. Ouvi o barulho das tuas chaves, mas não era você. Ouvi o barulho dos teus sapatos, também não era você. Por que ainda me pego, depois de tudo, depois de todos os meus pensamentos positivos de que conseguirei seguir em frente, por que me pego pensando nisso?<br />
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Pedi outra cerveja. Confesso que com uma eu já fico palpitante. Ainda chuvisca em mim. Sentei debaixo de uma árvore e foi quando eu me vi sentada nas margens do rio Piedra, sabe? Aquele rio que eu sentei e chorei - em outra ocasião que não cabe a mim explicar, mas sim Paulo Coelho. É daqueles livros que eu insisti em ler até o código do bibliotecário. Porque sim, eu sentei e chorei. E queria ter me visto nessa cena, num bar qualquer, sem ninguém ao meu redor, chuviscando - literalmente - pelos olhos.<br />
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Hoje eu escrevo sobre como lidar com sentimentos de ansiedade. Escrevo sobre como sobreviver ao caos alienígena e intolerante. Escrevo sobre a dor da ausência (ou da onipresença?). Escrevo sobre me sentir viva, ao passo em que algo em mim morre cada dia mais. Eu sou a minha própria maré. E estou abaixando.Fernanda F. Albertihttp://www.blogger.com/profile/17115350563276399851noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5316047358736430215.post-79770697154726564512018-10-13T01:06:00.001-03:002018-10-13T01:08:07.654-03:00Não me sinto maisEu não me sinto mais em casa. E é tão estranho se desvincular assim de algo que parecia, tão singelamente, te pertencer. A verdade nua crua é que nada nos pertence até que percebamos que estamos no zero absoluto de sentir algo que não seja a dor. Estamos tão sugestivos a perda quanto qualquer outro elemento atmosférico que precisa se perder para que, de fato, se encontre. A verdade é que eu, verdadeiramente, não me sinto mais em casa - não me sinto pertencer e é como se eu nunca estivesse de fato aqui. É como se algumas coisas nós devamos sentir de leve, sem esforço, enquanto outras nos são empurradas goela abaixo. Sinto-me vazia. E o vazio é o que cruzou goela abaixo desta vez.Fernanda F. Albertihttp://www.blogger.com/profile/17115350563276399851noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5316047358736430215.post-87315804996963548152018-09-30T16:58:00.000-03:002018-09-30T17:07:50.897-03:00Carta para se despedir de novo<div style="text-align: justify;">
Passa um filme na minha cabeça toda vez que penso em ir. Como se fosse muito além das histórias que temos para contar. Como se fosse uma imensidão de sentimentos que borbulham em minha cabeça e, por vezes, me fazem vomitar os meus cacos, pisar neles e sangrar até a morte. Com quantos panos se estanca o sangue que insiste em não parar de sair? Com quantas gazes a gente tapa uma ferida?</div>
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Eu andava na cidade procurando - bem, eu não sei bem o que eu estava procurando. Mas tentava me encontrar no muro pichado que cheirava a militância, nas músicas dos barzinhos que cheiravam a festa, na comida tailandesa que a gente queria provar. Eu juro que estava tentando me encaixar. Mas até que ponto sou eu quem estou totalmente errada? Até que ponto eu sou a peça que precisava ser trocada pelo SAC? E se eu estiver ficando louca?</div>
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Hoje, em ritmo de despedida, eu vou guardando cada coisa minha atirada pela casa. Vou juntando tudo o que eu vou levar e me despedir daquilo que eu tenho que deixar. Que triste, né? Não caber mais no corpo de alguém. Não se sentir mais segura. Não sentir a incrível sensação do que é ser feliz. Não saber mais o que é acordar no outro dia sem se preocupar com as coisas da casa, porque a gente estava mais preocupadas em viver. Eu tinha tantas coisas pra te escrever agora, mas eu não sei se tu ainda lembras do cantinho que eu tenho para me debruçar e chorar. Não sei se lembras que eu ainda estou aqui hoje.</div>
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Ontem eu ouvi que a decisão a ser tomada seria para sempre. Então, te digo que eu a amo para sempre. Porque se for pra existirmos, que seja nas coisas que não tivemos tempo de viver, apenas de imaginar.<br />
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Eu nem sei se você vai ler, mas se ler saiba que foi real.<br />
Forever Ago.</div>
Fernanda F. Albertihttp://www.blogger.com/profile/17115350563276399851noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5316047358736430215.post-18338422589537934942018-02-11T13:10:00.000-02:002018-02-11T13:10:10.278-02:00Já foi, hoje?Já foi amor. Hoje é luta. Luta para ficar, luta para sair. Luta para não chorar. Luta para sentir. Hoje é caos estagnado no centrão. É perder o foco. É miopia. Cada dia é uma coisa. Já foi um pouquinho mais hoje? Hoje é dor, antes de qualquer coisa. É uma barra perfurando os teus pulmões. É a falta de sensibilidade. Já foi amor. Hoje é droga. É a junção das nossas pupilas aterrorizadas. Hoje é qualquer música tocada na 102.30 sendo lembrada como antiga. O nosso amor é old. É inglês não bem certo. É português estourando de gírias. É bolado. É desordem. É vertigem. É faca na bota. É trovoa, underneath the stars e closer. É ele. E hoje, já foi? Será que você já foi?<div>
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Fernanda F. Albertihttp://www.blogger.com/profile/17115350563276399851noreply@blogger.com0