sexta-feira, 17 de junho de 2011

O altar

Vez'emquando minhas palavras se cospem
mas não é por mal
E tem dias que elas esbravejam a minha loucura
o que também não é por mal

Os meus dedos insistem em esboçar a arte perfeita
e também gostam de tocar o tom que incendeia
Mas não são nem meus acordes, nem meus desabafos
do que eu falo não tem nome, nem se quer um traço

É tudo torto, em círculos, cilindros
como minhas dores em dias frios
Mas tudo esquenta quando eu tenho alguns motivos
para falar dos amores que se cruzam aos meus rabiscos

O ré bemol que eu tanto falo não expressa o que eu quero
mas são coisas que o sol consegue explicar com clareza
E a inocência dos meus dias que se cruzam às tuas tardes
não demonstram nada do que raia à minha mesa

Na bagagem carrego todos os olhares e estórias
que eu não consigo levar no peito por não caber mais
Mas são coisas que eu levo e recordo a todo instante
quando deito, sonho, acordo ou simplesmente voo para trás

E eu risco todas as marcas excitantes das tuas sardinhas ao meu papel
viro a página a cada falha, pois não há borracha para apagar
E arquiteto a tua escultura no meu mais lindo e digno altar
da mesma forma que caio aos teus pés, oh minha vida, tenho tanto a te escutar.

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