Ao amanhã, o ontem esbanja esquecimento. Ao hoje, a dor
ainda culmina, arde, entristece, desaponta, rasga a pele, o peito, a alma. E os
destroços do meu eu decepcionam aos outros olhos. Eu constantemente me quebro,
te quebro, nos parto em dois, divido o nosso amor e o transformo em algo que eu
não sei o que é. Não celebro tanto a vida. Desperdicei dos momentos mais
incríveis dela por outras que não significaram nada para mim. E tem sido
difícil. Agora, os demais dias e outros que ainda virão. O ontem e hoje, tem
sido difíceis, estranhos, paralisantes. Eu estou me sentindo presa entre um
carro e uma árvore. O carro me parte em pedaços contra a árvore e eu não
consigo ver nada mais além do meu próprio sangue. Dizem que a dor, quando
demasiada, pode parecer ter sido suportada. Eu concordo. Quando se dói demais,
acaba nem doendo tanto. O corpo acostuma. Os olhos marejam e as lágrimas
ressecam. Também ouvi dizer por aí que nas esquinas se encontram de todas as
pessoas possíveis. Daquelas que perdoam, mas não esquecem. Aquelas que não
perdoam e nem esquecem. Aquelas que crucificam até o último momento. E,
inclusive, aquelas que tem toda razão, ou que não tem nada mais além do que
atitudes que a condenam para o resto da vida. Não sou vítima, sou culpada. E
confesso o meu crime, mais uma vez. Pelo amor que guardo em meu peito, pelos
dias lindos que passei e que passarei ao teu lado, pela presença inesperada que
fui em tua vida, por lutar tanto e machucando tanto, colocando em dúvida a
coisa mais preciosa que ousei sentir. Por não negar querer-te tanto. Por pagar,
ainda assim, mesmo com toda a dor do mundo e o maior medo de perder-te, todos
os meus erros. Te quero, mas não te mereço. No entanto, não vou poupar minha
energia para ter-te todos os dias da minha vida, até o meu último suspiro.
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