domingo, 9 de junho de 2013

Carta sem remetente

Trocaram-se os pronomes e as pessoas. No falso chão que me encontro, confesso sentir medo dos tapetes avermelhados que me forçam dançar. Eu tinha um mundo nas mãos, uma música em cada ouvido, dois corações articulados em apenas um corpo. Nos passos da minha dança, o som do piano se confunde com o teu sussurro que tanto faz falta. Eu queria ter continuado lá, naquele salão, trocando os passos da tua canção. Eu não queria ter ido embora, não queria. Trocaram-se as roupas e as intenções. Só não se troca de coração - em que mundo estamos, que a coragem se perde no dia a dia, que uma afeição destrói uma vida?

Eu queria descansar os olhos. Queria não ter feito parte da tua plateia, nem dos teus planos. Mas tive que aplaudir, juro que tive. Porque trazer de volta aquilo que não te traz paz? Porque continuar pensando naquilo que te afoga ainda mais? Corações são armas apontadas pro peito de quem não sabe o que é amar.

Ainda espero na esquina, ansiosa, teu rosto surgir. Mas não queria esperar, não mais. Queria atravessar a rodovia com os carros cruzando a duzentes por hora, sem olhar pros lados, sem olhar pra lugar nenhum.

Trocaram-se os pronomes e as pessoas, ora, por que não trocam as palavras também?

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