Era para ser um texto. Era para tê-lo escrito à mão. Era para conseguir expressar tanta coisa, mas não o fiz. Por que, vezenquando, guardamos o desnecessário e evitamos o que nos corrói? Seria medo?
A imperfeição faz parte do cotidiano de nossas vidas. Se faz presente, também, a ansiedade do amanhã que virá, dos novos ventos que sopram o caminho da plenitude.
Minha ânsia, por si só, se destaca da tua por almejar um bem maior, que traga vida, que traga esperança e cor nos nossos dias. Eu queria escrever para dizer que só agora eu sinto que posso deter os homens maus, opressores e de má fé no coração. Que não há preparação para a vida, ela, tão inocentemente, já nos prepara para o que iremos viver ao tropeçar a calçada e virar para a próxima esquina.
Em cada canto da cidade existe um pouco da nossa caricatura, que se desfaz quando o gato que está em cima do muro não é visto com a mesma perspectiva. Quero dizer, não existe o que não enxergamos. Não existe o que não pode ser visto. Existe, sim, o que pode ser sentido, por mais exagerado que soe. E a esquina que ultrapassamos se torna pó no filtro da memória, mas o gato que vimos em cima do muro, observando as estrelas que embelezam o céu, de alguma forma se destaca dentro dos nossos olhos. Esse é o ponto máximo do nosso espírito natural: recriar perspectivas do que enxergamos e vivemos ao longo do dia.
Eu escrevi um texto. Eu escrevi um texto à mão. Eu expressei algumas coisas, aleatoriamente, das quais sentia necessidade em falar. Mas eu queria ter que reescrevê-lo, pois não gostei da forma como ficou. Será questão de perspectiva?
Que se construam novas palavras, pois o meu vocabulário cessa ao falar de nós. Um abraço.
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