quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Rosa Negra

Certo dia, ela dissera a ele que jamais gostaria de mudar por medo que ele a deixe. Foi assim, espontâneo que ela disse isso. Ele pegou sua mão e disse que mesmo que ela mude, ele jamais vai esquecer o que ela um dia foi para ele. Ela o abraçou fortemente e disse que não poderia mais ficar. Beijou-o no rosto e disse que o amava. Desde então, ele está só, mas sempre à espera de sua amada. Entra todos os dias na internet para ver se a encontra, mas ela não esta. Olha para seu celular para ver se tem alguma ligação ou mensagem, mas não há nada. Procura por ela nos lugares que ela costumava freqüentar, mas não a encontra. Liga, manda cartas e deixa recados no Orkut. Ela não responde. Até que certo dia, toca a campainha de sua casa. Ele, jornalista, parou de escrever no seu computador e foi atender a porta. Era ela, que estava muito diferente. Ela usava uma toca listrada para disfarçar, mas dava muito bem para perceber que tinha poucos cabelos. Estava pálida e talvez um pouco magra demais para o seu tamanho. Ele a convidou para entrar e ela aceitou. Os dois ficaram em silêncio por dez minutos. Um silêncio confortável, talvez. Então, ele tomou a iniciativa de quebrar o gelo que havia entre os dois, e perguntou o que havia acontecido com ela. Ela demorou para falar, parecia que quanto mais ele a olhava mais ela se sentia perturbada. Ela disse a ele que não poderia demorar pois não tinha muito tempo, e levantou-se do sofá. Entregou a ele uma rosa negra de plástico (as de plástico durariam para a vida inteira) e lhe disse que o amaria além das estrelas, e saiu correndo para fora. Ele se levantou, pegou a rosa negra, e respondeu "eu também". Passaram-se dois meses e ele nunca mais a viu, desde o acontecido. Até que foi convocado para fazer uma reportagem sobre as vítimas do câncer, e, teria que visitar uma clínica especializada que abriga crianças, adolescentes e jovens de até vinte e cinco anos. Chegando lá, ele visita todos os quartos menos o 9108 e faz entrevistas com algumas enfermeiras. O representante da clínica lhe disse que o quarto 9108 estava em limpeza pelas funcionárias, pois a paciente que estava hospedada lá quis fazer um último pedido, antes de morrer. O pedido de derrubar pétalas de rosas negras por todo o quarto, que foi atendido. De repente, o jornalista começou a passar mal e desmaiou. Acordou no mesmo quarto em que ela morrera. Sentou na cama. Olhou em roda e não havia ninguém. A clínica estava silenciosa e tudo estava ficando cada vez mais confuso para ele. Tentou dormir novamente. Bateu a cabeça no travesseiro para ver se não estava sonhando. Se beliscou mas nada, não havia nada que pudesse tirar ele dali. Levantou-se e foi até a janela. Não enxergava mais nada.

Enlouquecera.

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