quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

O solitário - 1ª parte

Diego Alves, 19 anos, solteiro e órfão.
Ele podia ter amado mais. Sorrido mais. Podia ter respeitado mais. Podia ter feito tantas coisas a mais, mas nunca hesitou em ultrapassar o limite do tempo. Estava sempre com a cabeça voando. Viajava milhas e milhas sem sair do lugar e o mais interessante nisso tudo é que ele não sabia disso.

Queira ele ou não, a vida lhe tirou seu pai e sua mãe, o levou da pequena cidadezinha de Jacarezinho para o imenso mundo de Porto Alegre. E, para completar o ciclo da vida, o tornou um jovem escritor solitário preso num universo de recordações que ele nunca viveu, de emoções que ele nunca sentiu.

- 12 de outubro de 1995 -
Dia da criança. Ganhou seu quarto presente repetido. O mesmo de sempre: um livro de anotações. Não sabia escrever ainda, por isso desenhava tudo que imaginava e até o que não conseguia expressar. Ainda guarda seus velhos desenhos cujo destaque era o sombreado das coisas. Este dia foi completamente especial. Não por ter sido o dia da criança e muito menos por Diego ter ganhado pela quarta vez repetida o mesmo presente, mas porque a gente nunca esquece de abraços, beijos, carinhos quando tudo está perdido. O tal carinho foi dado por um velho chamado Hugo. Ninguém sabe até hoje de onde ele saiu, a única coisa que se sabe é que ele era um grande um homem. Hugo se aproximou de Diego e lhe deu um forte abraço. Diego ainda era uma criança para entender o que ele quis dizer com este "forte abraço", por isso achava que era alguma coisa haver com a data. O velho persistiu no forte abraço e lhe disse algo no ouvido soando como "viverás mais, amarás mais". Quatro anos depois, Diego lembra-se perfeitamente desta época horrível de sua vida e também do velho Hugo, que ele julgava ter sido seu "pai por um dia".

Continua.


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