quarta-feira, 22 de junho de 2011

Sobre o ato de respirar fundo

As minhas pernas tremiam e os meus olhos já estavam marejados e embaçados. Eu só pensava em sair dali. E saí. Corri, sei lá. Fiquei imóvel apenas criando fantasias na minha cabeça. E eu não queria acreditar. Não acredito. Não sei. Não vi. Por mais que a verdade dita esteja entalada na minha garganta, querendo sair pra fora e em seguida, novamente, entrar pra dentro, só que com outros lábios a falando. E eu ando enfronhando-me muito. Ando acomodada, querendo dormir e ficar sem comer por dias, noites... Não consigo. Por mais que uma boa parte de mim queira ficar aqui, outra maior ainda quer ir embora. E aí você já sabe. Subvertemos tudo o que podia existir entre nós. Perdemos o brilho, a coragem, o respeito. Só não perdemos o amor. Ele continua aqui. Quietinho, quietinho... porque o barulho da chuva não o deixa mais falar, gritar, espernear. E como dói... Só de pensar naquele momento em que percebi que teu choro não foi de alegria por estarmos juntos, mas sim de dor, eu sinto vontade de chorar que nem uma criança. E eu chorei, inúmeras vezes. Chorei de gritar querendo colo, querendo abraço, querendo afeto e alguém que demonstrasse que se importava comigo, que me queria bem, que gostava de estar ao meu lado. Encontrei várias pessoas. Maravilhosas, por sinal. Mas não adianta, sabe? Tem que ser você. Em todos os cantos, em todos os bares, em todas as esquinas e casas e olhares e lábios - só quero você. Mas a chuva não me deixa te olhar nos olhos, te tocar e te abraçar. E quando eu pensei que a tempestade havia passado, foi quando eu senti uma vontade imensa de te abraçar, te incomodar, te beijar, te amar mais por fora, entende? Não deu. Foi engano meu. A tempestade só piorou e, pra completar, a chuva não anda parando, só piorando. Aqui e aí. E por mais que eu tente respirar fundo, escrever e esbravejar tudo o que se passa nesse meu coração, algumas coisas simplesmente não precisam mais serem esboçadas. O meu desenho borrou bem na parte em que você estava segurando a minha mão. Mas não rasgou. Dá pra consertar? Respiro fundo e tento, mais uma vez, consertar-nos.

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