sexta-feira, 3 de janeiro de 2014

Pra ninguém entender

E embora os livros espíritas me dissessem, eu nunca saberia para onde a morte poderia nos levar. Talvez essa história de céu fosse mera invenção e a bíblia não passasse do primeiro livro de contos de fadas da história. Quem dera Zeus tivesse existido e estivesse aqui para me dizer que deuses não existem, que ele também é um mero mortal.

Tudo que não rima entre a vida e a morte somos nós. Tudo. Desde as cores das pupilas que esvaem as almas amarelas, até a cor condensada de pele, o fosco e solitário sorriso perdido por aí. Ora, por que o céu faz questão de colorir tudo e a morte só é lembrada quando se vestem de preto? Por que não trocamos os adjetivos e buscamos a resposta no óbvio? 

Compreende-se que tudo que se rima está escrito ou não em um mesmo poema e que esse poema tem que ser, necessariamente, escrito pelo mesmo autor. Mas por que não compreende-se que poemas são mesclas da vida dos outros e que, necessariamente, precisam falar sobre as mesmas coisas e refletir sentimentos contínuos? Por que não compreende-se que todo verso escrito surge de uma palavra não dita?

Então tudo o que está escrito nos poemas e na bíblia se dissolve no ar. O pensamento se vai. E sabemos que a vida não rima com cor, mas rima com rima. E precisamos entender que, vez em quando, a morte também rima com forte. E ser forte, nos temos de hoje, é ter coragem de não rimar com a vida, é ter coragem de perceber que é (e tem-se) a única saída.

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