E embora os livros espíritas me dissessem, eu nunca saberia para onde
a morte poderia nos levar. Talvez essa história de céu fosse mera
invenção e a bíblia não passasse do primeiro livro de contos de fadas da
história. Quem dera Zeus tivesse existido e estivesse aqui para me
dizer que deuses não existem, que ele também é um mero mortal.
Tudo que não rima entre a vida e a morte somos nós. Tudo. Desde as
cores das pupilas que esvaem as almas amarelas, até a cor condensada de
pele, o fosco e solitário sorriso perdido por aí. Ora, por que o céu faz
questão de colorir tudo e a morte só é lembrada quando se vestem de
preto? Por que não trocamos os adjetivos e buscamos a resposta no óbvio?
Compreende-se que tudo que se rima está escrito ou não em um mesmo
poema e que esse poema tem que ser, necessariamente, escrito pelo mesmo
autor. Mas por que não compreende-se que poemas são mesclas da vida dos
outros e que, necessariamente, precisam falar sobre as mesmas coisas e
refletir sentimentos contínuos? Por que não compreende-se que todo verso
escrito surge de uma palavra não dita?
Então tudo o que está escrito nos poemas e na bíblia se dissolve no
ar. O pensamento se vai. E sabemos que a vida não rima com cor, mas rima
com rima. E precisamos entender que, vez em quando, a morte também rima
com forte. E ser forte, nos temos de hoje, é ter coragem de não rimar
com a vida, é ter coragem de perceber que é (e tem-se) a única saída.
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