sexta-feira, 3 de janeiro de 2014

Sublimação

Deita a cabeça no travesseiro e pensa. Mas pensa mesmo, sem julgar, criticar, desvirtuar qualquer tipo de primeira impressão analisada. Prepara os olhos, porque a vista que verás é bem mais lúcida e devastadora do que qualquer devaneio alheio – e chora. Não precisa ter medo, é só puxar o ar quente de dentro do peito e respirar fundo. Verás que as tuas mãos já congeladas esquentarão de repente. Verás que teus pés trêmulos pararão. Verás que tua boca seca umedecerá. Verás o que não quisestes antes ver.

Saia de casa. Vá até o pátio e recolha as roupas secas do varal, trocando-as pelas molhadas que acabastes de lavar. Veja a evaporação lenta e contínua que a transparência do sol permite atenuar. Troque os lençóis da cama, varra seu quarto. Esqueça que algum dia encontrou vestígios de cabelos e rabicós pelo chão.

Não deixe o gelo congelar teu coração. Não destrua tua essência. Não sufoque tua alma. Pinta a tua vida, que pintarás a vida dos outros também. Pincela cada passo do teu caminho e não deixe que as marcas de uma possível tropeça te impeçam de continuar firme e forte. Lembre-se que na linha da vida existem as bifurcações e o caminho do sol só é visto com os olhos bem abertos às coisas novas.
Veja bem, as flores estão no jardim, o sol no céu, o mar no chão. E tu, estás onde?

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