Deita a cabeça no travesseiro e pensa. Mas pensa mesmo, sem julgar,
criticar, desvirtuar qualquer tipo de primeira impressão analisada.
Prepara os olhos, porque a vista que verás é bem mais lúcida e
devastadora do que qualquer devaneio alheio – e chora. Não precisa ter
medo, é só puxar o ar quente de dentro do peito e respirar fundo. Verás
que as tuas mãos já congeladas esquentarão de repente. Verás que teus
pés trêmulos pararão. Verás que tua boca seca umedecerá. Verás o que não
quisestes antes ver.
Saia de casa. Vá até o pátio e recolha as roupas secas do varal, trocando-as pelas molhadas que acabastes de lavar. Veja a evaporação lenta e contínua que a transparência do sol permite atenuar. Troque os lençóis da cama, varra seu quarto. Esqueça que algum dia encontrou vestígios de cabelos e rabicós pelo chão.
Não deixe o gelo congelar teu coração. Não destrua tua essência. Não sufoque tua alma. Pinta a tua vida, que pintarás a vida dos outros também. Pincela cada passo do teu caminho e não deixe que as marcas de uma possível tropeça te impeçam de continuar firme e forte. Lembre-se que na linha da vida existem as bifurcações e o caminho do sol só é visto com os olhos bem abertos às coisas novas.
Veja bem, as flores estão no jardim, o sol no céu, o mar no chão. E tu, estás onde?
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Obrigada pela presença. Seu comentário vai ser lido com muito carinho. Volte sempre!