segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Eu sempre ficava enxergando as coisas passarem sobre mim atrás das paredes, das janelas, ou debaixo da minha cama, ou até em cima da minha cama, debaixo das cobertas. Não era medo, não era receio, não era nada. Era só falta de coragem de ir até lá e encarar tudo de frente. Ou talvez até uma certa insegurança em ouvir em tons mais altos tudo o que eu sou. Vestia roupas discretas para não chamar a atenção de ninguém, mas sempre havia alguma coisa além de tudo que fazia as pessoas olharem para mim. Eu não queria que enxergassem as minhas marcas, os meus medos, as minhas agonias. E eu até achava interessante que as pessoas passassem em branco na minha vida - e elas passavam, mas eu não passava em branco na vida delas. Eu sempre achei estranho esse mundo de inúmeras voltas. Eu sempre achei estranho viver e não ser nada.

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