terça-feira, 8 de janeiro de 2019
Dia 8 de 365
Terapeutiquei. Se é que existe essa palavra, agora faço-a existir no meu vocabulário. E foi aliviador. Não, não aliviou. Na verdade, foi frustante. Não, esperaí. Eu não sei. Só sei que andei nas ruas de Porto Alegre por 40 minutos. Nas margens das ruas asfaltadas e conturbadas, eu caminhei e chorei. E isso foi aliviador. Por esse breve momento eu não sentia mais nada, além do meu próprio luto e da minha própria dor. Era como se isso fosse o que eu sou: me faço das minhas dores e das minhas alegrias; me costuro com o pouco de linha que me resta; cada ferida costurada é uma peça do meu quebra-cabeça. Entendi, com esse dia, que a partida é breve, o sono é leveza, a bebida um instrumento, os amigos nosso alicerce, a família nossa base e nós pertencemos a tudo isso e ao mundo. O universo é conspirador. Eu choco todo dia com os teus átomos e nem por isso sou tua. Eu tenho a minha própria energia e é dela que eu me reconstruo.
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