domingo, 30 de setembro de 2018

Carta para se despedir de novo

Passa um filme na minha cabeça toda vez que penso em ir. Como se fosse muito além das histórias que temos para contar. Como se fosse uma imensidão de sentimentos que borbulham em minha cabeça e, por vezes, me fazem vomitar os meus cacos, pisar neles e sangrar até a morte. Com quantos panos se estanca o sangue que insiste em não parar de sair? Com quantas gazes a gente tapa uma ferida?

Eu andava na cidade procurando - bem, eu não sei bem o que eu estava procurando. Mas tentava me encontrar no muro pichado que cheirava a militância, nas músicas dos barzinhos que cheiravam a festa, na comida tailandesa que a gente queria provar. Eu juro que estava tentando me encaixar. Mas até que ponto sou eu quem estou totalmente errada? Até que ponto eu sou a peça que precisava ser trocada pelo SAC? E se eu estiver ficando louca?

Hoje, em ritmo de despedida, eu vou guardando cada coisa minha atirada pela casa. Vou juntando tudo o que eu vou levar e me despedir daquilo que eu tenho que deixar. Que triste, né? Não caber mais no corpo de alguém. Não se sentir mais segura. Não sentir a incrível sensação do que é ser feliz. Não saber mais o que é acordar no outro dia sem se preocupar com as coisas da casa, porque a gente estava mais preocupadas em viver. Eu tinha tantas coisas pra te escrever agora, mas eu não sei se tu ainda lembras do cantinho que eu tenho para me debruçar e chorar. Não sei se lembras que eu ainda estou aqui hoje.

Ontem eu ouvi que a decisão a ser tomada seria para sempre. Então, te digo que eu a amo para sempre. Porque se for pra existirmos, que seja nas coisas que não tivemos tempo de viver, apenas de imaginar.

Eu nem sei se você vai ler,  mas se ler saiba que foi real.
Forever Ago.