domingo, 25 de dezembro de 2011

Do quartinho que eu estava...

Do quartinho que eu estava
onde não conseguia dormir
estava eu bem escorada
na janela, lembrando de ti

dos velhos tempos, onde o chimarrão
e os enlouquecidos risos eram nossos companheiros
e o vento, de tão forte, batia ao meu rosto
escrevendo num papel o teu eterno esboço

dessa peça miuda - sua humilde residência,
encontro no céu as estrelas mais lindas
que, enquanto sua permanência,
me servem de luz nessa minha carência

do bem material foi o que restou
do espírito eu não sei, mas o mar não o levou
pois ainda sinto aqui, nesta casa miuda, algo que canta
a mais grandiosa beleza em ti:
tua história gigantesca, minha querida avó Santa.

segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Então...


Que dezembro acene seu adeus com um sorriso no rosto. Que o próximo ano seja bem-vindo apenas com coisas boas. Que a vida, mesmo breve, seja tão linda quanto possa ser. Que brigamos, mas fazemos as pazes. Que choramos, mas não deixamos as lágrimas apagarem a beleza de nossas faces. Que sejamos intensos a cada segundo que se passa. Que tenhamos medo apenas se ele vier acompanhado de coragem. Que os brilhos dos nossos olhos não se percam de nós. Que a esperança esteja sempre presente. Que a música não acabe. Que não termine a dança. Que não percam o embalo. Que não desfaçam corações, não corrompa histórias por futilidades, não quebrem a magia do amor. Que não iludam, não mintam, não sejam que não podem ser. Que ensinem e aprendem. Que respeitem e aceitem. Que escutem. Que falem. Que usem a memória para a lembrança das coisas boas que ficaram daqueles que se foram. Que não fujam, não corram, não se escondam. Que saibam esperar e ter paciência. Que queiram, tanto quanto. Que possam. Que sejam. Que tenham. Que se olhe para trás sem trazer o passado ao presente. Que se tornem o melhor dos melhores. Que se busque com persistência. Que se lute com garra e raça. Que se confortem apenas com o que for breve. Que se atem muitos nós e se formem muitos “nós”. Que o amor seja doado à todos que precisarem. Que a vida nos mostre a direção. Que os caminhos se abram. Que comece a festa.

sábado, 10 de dezembro de 2011

Mil perdões

um perdão por ter acreditado em minhas mentiras;
dois perdões por ter magoado profundamente teu coração;
três perdões pelas vezes que perdi a cabeça;
quatro perdões pelos meus medos que tanto te machucam;
cinco perdões pela insegurança que eu fiz te abater;
seis perdões por ter feito as escolhas erradas;
sete perdões por não ter pensado em consequências;
oito perdões por dar ouvidos à outrem;
nove perdões pelas inúmeras decepções que te causei;
dez perdões por te amar mais do que qualquer coisa;
onze perdões por não ter dado jus ao que eu sentia;
doze perdões por não conseguir chegar aos mil perdões,
mas ainda assim, te pedir profundamente perdão, mil perdões.

sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

35º Cafezinho Poético

Coração machucado

Pobre coração machucado
vítima de crimes perfeitos
o culpado por não ser amado
o suspeito dos não deleitos

imune ao saber da vida
coitadinho! tão ingênuo!
cansado de tantas feridas
segue seu caminho estrênuo

com as marcas no coro
e a pele macia, suave!
se prende ao choro
libertando-se como uma ave!

sábado, 3 de dezembro de 2011

Compreendi...

Compreendi, não mais que de repente
que o momento certo nem sempre é exato
que a poesia só surge quando se está alinhado
à todas as emoções que se sente.

Que os versos que ecoam em nossas mentes
são estrofes de refrões sem sentido algum
que se enrolam em nossos pensamentos como serpentes
e não mais que de repente, distorcem até o incomum.

Que o amor sufoca, arde, dói, mas é bonito
enquanto o laço permanece
ultrapassa o maior de todos os infinitos
mas nunca desprende,
nem depois que anoitece, nem quando se esquece.