terça-feira, 31 de maio de 2011

No embalo de sábado à noite

Costumavam ouvir essa música durante todos os sábados à noite que saíam. Era sagrado. Quase regra. No mesmo bar de sempre. Aquele, da Avenida Brasil, lembra? Um lugar tão aconchegante que ele se sentia a vontade até mesmo de tirar os tênis, já que sempre tivera um dia cansativo, cheio de trabalho e correria. Ela não dizia nada. Aliás, ela nunca disse nada a ele. Nunca se referia a ele como seu parceiro ou alguém que amasse. Ela não o amava. Ele a amava. Muito. Chegava a ficar sem respirar só de pensar em perdê-la. Guardava todas as fotos que tiraram juntos em um quarto apenas de fotografias. Era completamente louco. E de tão louco, não enxergava problemas em negócios. E era essa a condição: estarem todos os sábados à noite em um bar na Avenida Brasil, tomando uma xícara de café e comendo uma empada. Perguntar se está tudo bem, é quase impossível. Ela não queria papo de jeito nenhum. Só estava ali, cumprindo o trato que tanto prometeu a ele, em troca de dinheiro. Um sábado, que poderia ser um sábado qualquer, mas foi aquele sábado, dia 21 de novembro, em pleno inverno rigoroso, o único dia do ano que o bar da Avenida Brasil fez um baile. Não era social. Era um baile qualquer. Tocavam-se músicas da época como Cindy Lauper, Bon Jovi e outros sons interessantes. Eles não sabiam. Nem se quer se arrumaram, mesmo não sendo um baile elegante. Mas estavam lá. Tomando suas xícaras de café e comendo suas empadas. Ele nem comera mais. Só a observava. Achava linda a forma como ela comia, tocava nos cabelos, olhava pro relógio, louca pra sair dali e pegar seu pagamento. Ele resolveu pedir uma tequila. Ela o olhou com uma cara meio estranha e sorriu. Ele não estava acreditando naquilo. Ela nunca dera um sorriso a ele. Foi então que ele pediu uma tequila para ela também. Os dois tomaram seu copo de tequila. Ele perfurava o olhar dela e ela perfurava o olhar dele, mesmo que tenha sido pela primeira vez de anos. Passaram-se minutos, horas... Ela ainda estava ali, já no terceiro copo de tequila, quando, já meio embalada, questionou-o "por quê?". Ele estava desatendo, pois ficava alucinado toda vez que a enxergava. Ela repetiu mais alto, "por que eu?". Pensativo, ele não tinha nenhuma sombra de dúvidas e respondeu, "não vês que és a mulher mais bela da face da Terra?". Fazia meses que ela não ouvira a voz dele. Ficou até sem graça, mas voltou a conversar. E assim ficaram por horas conversando, discutindo sobre a vida alheia e sobre suas próprias vidas. Estavam, após anos, se conhecendo, ou reconhecendo, eu deveria dizer. Passaram a noite com tequila e músicas. Sua única e última noite. Já era tarde. Ela levantou-se e anunciou sua ida para casa. Ele quis a levar, mas ela não quis. Queria ir sozinha. Ele a acompanhou até a frente do bar, quando um garçom lhe disse: "por que o senhor está falando sozinho?".

Sobre corações partidos

Queria um uísque ou alguma coisa mais forte. Sinto vontade de sentir minhas pernas tremerem e daquela ridícula sensação de estar flutuando, quando na verdade estou perdendo o meu próprio equilíbrio. Por quanto tempo vou continuar a andar em linha reta? Eu também gosto do perigo. Principalmente daquele perigo doce, eufórico, cheio de prazer e amor, bebidas e cigarros. Era disso que eu estava precisando: de mais um porre louco, idiota, fiasquento, como costumam chamar aqui no Sul. E falo mais: essa história de regra já está arcaica. Quem precisa dos pés no chão para viver? Não existe coisa mais foda do que tu poder tocar o céu, meus caros. Pode parecer improvável ou conversa de louco (o que devo concordar que é), mas só não se toca nas estrelas quem não quer. Hoje em dia tu agarra tudo com a força de vontade. O que tu mais quer. Um carro novo? Tu consegue. Uma casa? Tu consegue. Mas te pergunto: tu viveria bem apenas com uma casa e um carro novo? Não. Sei que a resposta deveria depender dos princípios de cada um, mas ninguém conseguiria ficar sem o outro. É uma história de dependência que está por aí já faz um bom tempo. A natureza é algo que me fascina. Não só por sua beleza fenomenal, mas pelas situações em que nos coloca para aprendermos a nos adaptarmos a determinado meio. Estamos aptos a viver de tudo nessa vida. Só que muita gente não tem coragem de agarrar a alma das pessoas com força, segurar contra seus braços e guardá-la ali, no peito. Por que? Por que já chorou? Juro que riria na tua cara se tu dissesse que sim. Não por ter chorado, mas por ter medo de amar alguém pelas lágrimas que outra pessoa te fez verter. É meio confuso, eu sei. Mas, tchê, a vida é assim, se essa frase ainda te consola. Estamos fodidamente perdidos nessa questão do amar. E por todos os lados, se tu olhar, só está ele - o amor - o que piora ainda mais a situação de certas pessoas. E se isso, outra vez, te confortar, te mata. Nada conforta um coração partido. Nem as minhas palavras, nem as do Caio, Machado, Vinícius... Ninguém consegue descrever a dor de um coração machucado, largado em pedaços no chão. Daí a história muda. Tu tem que tirar forças de quem está do teu lado, te apoiando e até mesmo te dizendo essas bobagens "amorísticas". Mas não esquece: o amor vai e vem. Um dia ele fica.

domingo, 29 de maio de 2011

O que somos?

Na medida em que me descubro cada vez mais mortal, sensível e frágil, me perco. Tudo isso porque nessa minha pequena cabeça há inúmeras ideias e conclusões criadas. E nesse meu pequeno coração há uma vida inteira de pessoas e coisas que eu amo e quero perto de mim. Por isso que é difícil a morte. Por isso que é difícil olharmos no espelho e admitirmos que iremos virar pó. Porque não queremos perder tudo o que existe dentro de nós. Porque não queremos que, assim como nós, as pessoas que amamos e as coisas que gostamos virem pó também. E, me aprofundando ainda mais nesse assunto, tentamos encontrar respostas ou fingimos ser meros imortais. Estamos sempre em busca de uma justificativa eficaz ou de um roteiro mais claro pra esse filme meio-termo. O diretor dele somos nós, isso é óbvio. Diretor, personagem, editor de vídeo, editor de aúdio, dentre outras funções. Somos completos nesse estúdio. Somos perfeitos atores e autores. E talvez até um pouco mais do que isso: somos vítimas e os próprios causadores da dor. Reclamamos, obedecemos, solucionamos. Somos mães, pais, filhos, netos, bis-netos, amigos, irmãos. Somos namorados (as), maridos, esposas, amantes. Somos filhos-da-puta, idiotas, egocêntricos, egoístas. Somos vagabundos ou grandes. Somos tudo e nada. Mas, antes de qualquer outra coisa, somos nós: eu, tu, ele. Exatamente as três pessoas do singular. Cheias de marcas, dores, problemas, memórias, histórias pra contar. Coisas que talvez nem se passem na cabeça dos outros. Assim como não passou pela sua cabeça que você iria ler esse texto (ou não) de uma adolescente revoltada e meio filosófica nas horas vagas. Pois é. Faz parte.

sexta-feira, 27 de maio de 2011

Nos calamos

Nos calamos
Perante a inocência mascarada
Do doce linguajar de pobres crianças
Que nos envolvem de amor
Que nos cospem o ódio
Que nos faz delirar a lucidez

Nos calamos
Perante a sujeira esparramada
Os lençóis sujos de sangue
E toda aquela história de buscar
Que nos corrói
Toda vez que tentamos encontrar

E, mais uma vez, nos calamos
Porque não entendemos
O sentido da palavra "sonhar"
E ficamos mudos, surdos e cegos
Perante a sociedade que nos destrói
E, mais do que isso
Destrói também o nosso tentar.

Idas e vindas

O que volta
Nem sempre foi
Estou certa
Ou não concorda?

O que volta
Não precisa ir
Para voltar
Ou tem de partir?

O que fica
Nem sempre vai
Mas se for
Um dia volta

É o que dizem
Sobre a vida
É um vai-e-vem
De idas e vindas

Não acredito
Em coisas fúteis
Nem se quer entendo
Porque as coisas voltam

Mas acredito
Em vozes estúpidas
Que não se calam
Perante voltas

E silenciosas
Permanecem intactas
Nesse abisto
Que é a ida.

Poesia da Sexta-feira

Meus olhos se fecham
Ou quase se fecham
É que tem algo que não os deixa
Se fecharem nesta sexta

E meu coração bate
Como se ele não batesse
É que me apetece essa história
De não saber o que tu pensas

Minhas mãos congelam
Ou, pelo menos, se corróem de medo
Porém, não corrompe o nó
Que ficou entre teus dedos

E minha boca se cala
No deslumbre desta sexta
É que teus olhos me guiam
A contemplar outras estrelas.

quinta-feira, 26 de maio de 2011

Long Play *

Eu que não sabia
Aonde chegar
Deixava as coisas
De pernas pro ar
Ninguém suspeitava
Dos meus vícios e amores
E eu não dava motivos
Para ser como os outros

E eu que perdi
Tudo o que eu tinha
Dinheiro e amigos
Talvez mais do que isso
E também me perdi
Não tive mais saída
Como uma rotação 33
De um long play chinês

Não olhe pro relógio
Deixe o tempo passar
Não se deixe sentir
Pelo que querem mudar
E não deixe mudarem
Tudo o que te faz sentir
O vento sempre leva
O que não faz sorrir
Não espere que digam
O que deve fazer
Faça por você
Tente crescer

Eu nunca quis ter que dizer isso
Que eu achava que seria bom
Que eu achava que iria mudar
Mas não mudou, nem passou
Continuou onde parou.

*Isso não é uma poesia, mas sim uma música composta por mim.

quarta-feira, 25 de maio de 2011

Guria

Daí eu olhei pro lado. Descontraída, meu Deus. Aqueles cabelos voando vindo ao meu encontro - quase que eu voei junto, de tanta felicidade! Peguei uma folha da árvore que estava ao meu lado pra ficar com algo na mão, mas não consegui ficar com ela por muito tempo. Era muita ansiedade que cada vez mais aumentava, na medida em que aquela guria vinha ao meu encontro. E eu precisava de um cigarro, talvez um tempinho a mais para me preparar porque, meu Deus, como eu iria saber que ela era tão linda? E tinha uns olhos tão penetrantes. Ainda os tem, mas naquele dia aqueles olhos - que eu mal conseguia olhar de frente - estavam tão brilhantes que eu cheguei a pensar que você era a estrela que havia faltado no meu céu. E se aproximava cada vez mais. Meu coração estava quase saindo pela boca e fugindo daquele lugar. "Aguenta firma, aguenta firma", eu engolia essa frase pra ver se meu coração aguentava um pouco e se acalmava mas parece que não adiantou muito. Jurei que eu iria morrer. Não morri. Aquela guria chegou, sorriu, sentou-se. Meu mundo parou. Meu relógio estragou e não voltou até hoje a contar os segundos. Mas pra que contar, se o tempo agora é desnecessário? Aquela guria parou com tudo, meus caros. Parou com tudo.

Traços

Por onde andamos, o que fazemos, o que comemos, os momentos que passamos... Tudo, no final das contas, vira pó. É o que dizem. Não concordo. Jamais iremos mortalizar nossos sentimentos e sensações. É uma coisa involuntária que acontece e que atinge, principalmente, nossos pontos fracos - sejam eles pessoas ou não. É quase que alucinógeno e distante essa história de fantasiarmos vidas. E também muito encucante para nosso cérebro assimilar verdade com ilusão. Por incrível que pareça, estamos submetidos a uma vida que, aos outros olhos, é quase perfeita. Não é. As pessoas possuem sentidos e ideias próprias, tirando assim, conclusões precipitadas sobre sentimentos, marcas e verdades alheias. É tudo questão de opinião. E é tudo questão de entendimento também. Pulamos muros, vencemos obstáculos, amadurecemos com nossas caídas e recaídas. E estamos aqui. Carregando conosco traços únicos, características adoráveis ou detestáveis, mas que são nossas. Independente da doçura de olharmos nos olhos alheios com receio de estarmos sendo julgados, olhamos. Porque não somos iguais. Porque eu penso uma coisa e você pensa outra. Assim é, sempre foi, desde o tempo em que meu Vô se apaixonou por minha Vó. E ainda, mais do que nunca, mantemos a nossa cabeça erguida, o que nos faz ainda mais diferente dos outros. Somos seres tão surpreendentes que não consigo afirmar com precisão o que eu, ou você, ou ele somos. Tudo isso porque existe uma palavra que nada mais é do que uma ação: imprevisibilidade. Porque o imprevisível consegue fazer muito mais do que mudanças decorridas de um tempo que passou. Imprevisível é algo que já está dentro de nós, nos corroendo aos poucos por nem imaginarmos o que iremos fazer amanhã. Mas assim é a vida. Traços sempre ficam, não ficam?


Memorial

Me escondo em muros
Não adianta
Se aqui já cicatrizou
Não existe mais nada
Nem se quer palavras
Que eu possa lhe dizer

Destroí minhas pupilas
Enxergando o que não queria
E afastando da minha vida
Tudo o que eu mais queria saber
Se aqui estou eu
Onde está você?

E cá estou eu
Memorizando tua graça
Que partiu em um triz
E tudo o que sempre quis
Foi estar escrita em navalha
Nesse memorial que eu fiz em casa.

sexta-feira, 20 de maio de 2011

Frio

Eu gosto do barulho da fogueira
Do fogo queimando a lenha
Da lenha virando brasa
Daqueles sussurros gelados
Dos dedos congelados
Dos pés tentando se esquentar
Dos abraços sem fim
Que esmagam e me aquecem
Do arrepio que acontece involuntariamente
Dos beijos molhados
Tão belos, tão quentes...
Ah, esse frio que me atormenta...

O adeus que eu não dei

Nem sei porque ainda volto a falar disso aqui. É que me veio nesses últimos dias um breve e constante pensamento sobre coisas que se passaram. São aquelas "lembranças terror" que eu nomeei carinhosamente. Me corrói essa não despedida, esse adeus ainda não falado, essa coisa de ter ido sem eu ter tocado a última música. Não quero que voltes. Não quero. Está tudo bem, acredite. Estou feliz. Estou tranquila com as coisas. É verdade. É que faz parte dessa história barata do meu ser de querer que as coisas tenham sempre um ponto final adequado ao que elas valeram. Valeu muito, não valeu? Pois é. Mas tudo bem. Tá tudo bem. Sigo olhando as estrelas com o mesmo brilho no olhar. E, mais ainda, tenho alguém pelo qual vale a pena lutar e ser o que eu realmente sou, o que condiz com o meu eu lá no fundo. Você compreende, né? Você entende exatamente o que é entrar na vida de uma pessoa e ficar, simplesmente ficar, consumindo-a com a felicidade e o bem-estar que ela transmite. É bem assim. As coisas estão cada vez mais claras pra mim e, sinceramente, não me incomodo nada com isso. É que eu olho pro espelho e vejo cada vez mais um reflexo do meu eu. Não esse que todo mundo vê. Pacata, idiota, trouxa. Vejo um retrato ainda maior. Vejo alguém ainda melhor. Cada vez mais forte e sensato. Sou eu, não sou? Sou eu...

Sigo tentando entender esse desfecho.

terça-feira, 17 de maio de 2011

Os quadros, as ruas, a gaita

Os quadros que eu pintei
Ficaram manchados pelo tempo
As ruas que eu cruzei
Foram levadas pela água
Que me levava também
Toda vez que aquela gaita tocava
Que som horrível!
Fiquei perturbada
Com o som da gaita e da água
Os quadros que eu pintei
Ficaram manchados pelo tempo
As ruas que eu cruzei
Se transformaram em templos
E eu continuo aqui.

360º

Quem diria, ein. Quem diria que hoje é para você que escrevo nessas entrelinhas, nesse meu rascunho, quase um diário. E fico tonta ao pensar que a vida deu muitas voltas para chegar até aqui e, finalmente, me colocar no seu caminho cheio de brilho e mistérios que eu estou conhecendo aos poucos. É por isso que toda essa história de sorrisos, coisas simples e etc me encantam. E talvez seja por isso também que prezar as pessoas, por mais insignificantes que sejam em determinados momentos, é necessário, tendo em vista que não se sabe por qual rua você vai andar amanhã ou depois. Ainda assim, existe toda aquela bajulação e medo do próximo. Medo de se apegar, de conhecer seus pontos fracos e acabar se tornando um ponto fraco também. Ora essa, é tão natural, é tão cheio de vida poder ser a razão pela qual uma pessoa sorri em um dia obscuro, talvez irritante e idiota. E ser a razão da existência dessa pessoa é ainda mais fantástico e brilhante. São coisas como essas, corriqueiras, que podem acontecer com qualquer um que me fascinam e me ganham. E são por coisas como essas, motivos e causas, que você me ganhou. Não quero que isso soe como um presente ou qualquer coisa coisa esquisita quando uso o termo "ganhou". Só quero que lembre que com dor ou sem dor, você só a tem a ganhar futuramente, pois tudo que acontece dentro do seu sistema de emoções terá uma consequência, uma lembrança boa ou ruim, que só vai caber a você clicar em "delete" ou fazer com que valha a pena. Está valendo, não está?

segunda-feira, 16 de maio de 2011

A poesia despertada

Sol que acomodava-me nas manhãs
O entardecer que não me deixava ir
E eram tantas coisas vagas e surpresas imediatas
Um tempo que parou, suspensa eu fiquei
E rapidamente o gelo congelou
Enferrujada, mais uma vez, lá estava eu
Encobertada de neve até os olhos
Mal conseguia enxergar a tua beleza
Apenas ouvia sussurros do vento e da noite
E um bem de leve - era você
Com sua mão me puxando calmamente
E de imediato me aquecendo nos teus braços
Era você, era você
Repetia isso toda hora, já que não lhe via
E me confortava com tua respiração ofegante
Me carregando para longe daquele tormento
E era você, nossa, era você!
Isso foi o máximo dos máximos
A poesia despertada, o amor que nasceu
Era você, ali, comigo, era você
Teus olhos, tua boca, teu sorriso
Tudo o que me fascina
E que não está mais longe dos meu braços
Tampouco longe do calor do meu corpo
E pedi aos Deuses, ou algo que eu acredite
Pedi para que ficasses aqui
Até que queiras me envolver
E que me aceites como sou
Até o sol nascer.

domingo, 15 de maio de 2011

Lebruce

Só piano
E muita dor
Suavidade
Uma taça de vinho
Alguma coisa qualquer
Lebruce, lebruce
Quero um colo
Mas não sei mais
Onde encontrar.

Quase muda

- ei... a gente vai ficar assim?
- sei lá.

E é.

Largava pro escanteio
Naquela serena noite
Meus dedos já estavam congelados
Mas seu toque me aqueceu
Em pensamento constante
Era você quem eu via
Era você quem eu queria
Você não estava ali
Não havia ninguém ali
Apenas eu e eu
O meu eu adorador
E o meu eu imundo
Perdido no mundo
Que eu mesma criei
E é.

sexta-feira, 13 de maio de 2011

Detalhes de um olhar

Poderia haver um sol ou uma chuva
Mas o olhar se colocava em seu lugar
E ganhava sorrisos admirados
Com a beleza que era de olhar

Suas pupilas dilatadas
Tão lindas, tão lindas
Pretas, vez'enquando castanhas
De tanto enxergar purpurina

Um oceano brilhava
Um verde limpo, cor natureza
Que eu me entrelaçava
Toda vez que me olhava com beleza

Não hei de ver
Olhos tão lindos assim
Porém, hei de ter
Estes olhos só pra mim.

Aqui

Ah, te quero tanto, meu bem
Que suplico às estrelas cadentes
Para que chegues logo o dia
Em que tu me envolverás por completa
E de tanto querer-te, meu amor
Já não existo sem sentir teu cheiro
Sem tocar tuas mãos, sem sem ouvir tua voz
E fica um vazio aqui, ali, em todos os lugares
Toda vez que te solto de meus braços
Meu pequeno pássaro, te ponhas a voar
Longe do recanto que fiz de teu lar
Não te vás, não te vás
Suplico para que fiques, não vá
E voltes a ser o meu ar.

segunda-feira, 9 de maio de 2011

Ele flutuava, baby

Ele flutuava
Repetia loucamente
"Ele flutuava"
E não se deixava abater
Pois ele flutuava, baby
Sem asas, sem nada
Ele apenas flutuava.

Esses versos meus, tão seus, tão a sós...

Esses versos meus, tão seus, tão a sós
Carrega no auge da montanha um nó
Segura na ponta dos dedos um eu
E na ponta do peito um você

O vento leva sem freio
Carrega os dedos, as mãos e o peito
Atira-os para o mar
O mar leva sem freio, sem medo
O que antes havia paredes
Já não corrompe mais

E poderia ser singela
E poderia ser doce
E poderia não ser
Como foi, como é
Poderia não ter sido
Como foi, como é

A Terra trouxe os tremores
Mas o dedo e o peito continuavam lá
A Terra trouxe os buracos
Os prantos, os choros
Mas o dedo e o peito continuavam lá
Mas o dedo e o peito continuavam lá
Mas o eu e o você continuavam lá.

Não desatou.
- O nó.

Ah, ah...

Sussurros cansados
Já não estava mais ali
Quem gostaria de ver
Quem gostaria de perceber
E talvez até ouvir
O meu cantarolar
No sábio amanhecer.

Ah, se eu tivesse mais tempo
Talvez se eu acelerasse os batimentos
Seria tudo tão perfeito?
Ah, se tu ouvisse o que eu digo
Se respondesse o que eu sinto
Seria tudo tão perfeito?
Vejo que me perdi no teu peito.

Enxergo-te com ideias vãs
E teus ideais me sacodem à beira mar
Não te permito esvoaçar-me tão assim
Perdida, aos prantos, no quintal do teu jardim
Sofrida a tua olhada pro meu coração
Desperto, enfim, desta canção
Como se coubesse algo a mais.

Ah, se houvesse o que fazer
Se soubesses o que quero dizer-te
Não caberia a mim te explicar
Ah, se sentisses o que sinto
Se conjulgastes o meu mesmo verbo
Talvez entenderia o que é suplicar
Talvez entenderia o que é amar.