sábado, 29 de dezembro de 2012

Vambora

Deixo a vida me levar, seja nas ondas frias da chuva ou no vento forte e abafado que exala o cheiro da natureza. Seja no gosto ridículo da vodka com martini ou no gosto do teu beijo. Eu me encanto fácil com a vida, mas demoro um bom tempo - se não o resto do tempo que me pertence - para esquecê-la e deixá-la sossegar. Eu tenho andada distraída e desvastada, sonolenta e perdida, desorienta e nada mais. E nem por isso guardo mágoa ou rancor do que um dia me pertenceu e que hoje, assim como eu deixo, a vida leva embora. Somos rascunhos. Não somos feitos da perfeição de um Deus, como todos acham. Estamos constantemente apagando e escrevendo textos sem destino algum, histórias que se corrompem num reticências impossível de se desfragmentar em três simples e poéticos pedaços. E ainda assim, apesar de todos os apesares, procuramos ao redor das noites aluadas uma razão maior do que a anterior de continuar a datilografar as bifurcações da vida. Não adianta, por mais que a gente tente, o mundo é cruel e avassalador. Só temos que nos acostumar a conviver com a penumbra de um escuridão que, por escolha nossa, permanece a nos vagar. Vambora. Vai que eu vou. Ou vamos juntos. Quem sabe?

quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

"Por onde andarão as emoções de outrora?"

 “Queria ter te conhecido antes, muito antes, para que nenhum de nós dois tivesse medos ou cicatrizes. Queria ter estado com você quando seu coração descobriu o que era amor, quando seu corpo descobriu o que era desejo, e antes que pudesse sofrer eu estaria do seu lado te amando e me entregando, e juntos poder ter aprendido as lições da vida e do coração. Queria ter te conhecido quando suas esperanças começaram a nascer, quando seus sonhos ainda eram puros e seus ideais ainda ingênuos. Pena termos nos encontrado só agora, já com o coração viciado em outros amores, com uma imagem meio falsa do que é felicidade, do que é se entregar. Queria ter te encontrado numa nova vida, num outro tempo, em que não precisássemos temer o nosso futuro, nem nossos sentimentos.”

(Autor desconhecido).

quinta-feira, 29 de novembro de 2012

E eu só consigo sentir raiva dos meus olhos, da minha boca, dos meus futuros planos. Não consigo andar para frente sem dar três ou quatro passos para trás. Preciso daquela mão que me segurava quando eu estava prestes a cair, daquelas palavras que faziam minha cabeça voltar para o seu devido lugar. Eu não sei lidar. Eu não sei andar sozinha. Eu não sei respirar sem os aparelhos. Meu coração não bate. E eu estou perdidamente perdida sem saber para onde ir, em que braços correr, aonde me jogar. É uma luz que me sufoca, não me deixa enxergar. E agora que enxerguei a escuridão me persegue e eu não consigo mais fazer nada. Enfim, enfim. Eu não sei lidar.

quinta-feira, 22 de novembro de 2012

Sobre as circunstâncias

E tenho dito que meus dias estão ficando cada vez mais tristes e desorientados; permaneço por horas e horas sentada ao lado da minha cama que por muito tempo foi palco de sorrisos tortos e gentis. Quando tento me mexer, parece que um turbilhão de coisas dentro de mim estão feridas e que todos os meus órgãos não param de sangrar. E tento ir remoendo os dias, descartando grande parte de uma época da minha vida que eu quis tanto sentir e ser. E vou me tornando esse amontoado de circustâncias ruins me lembrando a cada dia de quem eu sou, sem que eu tenha que me olhar no espelho para que isso aconteça. Não sei se um dia passa. Só sei que não agora.

terça-feira, 20 de novembro de 2012

Quem sabe

Eu deveria ter escrito mais e falado menos. Porque as palavras ditas em alto e bom som ferem corações, enquanto as palavras escritas estarão livres para qualquer tipo de interpretação. Quem sabe se eu corrigisse todos os meus defeitos e me tornasse perfeita, certamente não seria o suficiente, afinal, deixaria de ser eu, perderia a minha essência. Então se eu revirasse minha cabeça e mudasse meu jeito de pensar? Já não importa mais o que tenho que fazer, se devo mudar o visual ou não, se devo me tornar um alguém diferente. Agora o que me importa é somente somar. Quero acrescentar todos os bons exemplos das pessoas boas que já fizeram parte da minha vida como experiências inovadoras e muito bem aprendidas. Quero amadurecer. Não quero mudar - quero crescer e me tornar quem eu sempre fui, só que muito mais bela. E só assim então me contentarei comigo mesma. E só assim eu farei algo melhor e mais bonito pelo mundo e por mim mesma. Quem sabe se eu tivesse escrito mais?
"Cuide do seu jardim que as borboletas virão".

Três anos de blog

Dia 17 fez três anos que eu tenho esse blog. Três anos da minha intensa vida estão escritos e desenhados - mesmo que com um lápis completamente desapontado - grandes histórias e sensações e sonhos que eu planejei e que um dia eu destrui. Enfim, espero que minhas experiências abstratas tenham sentido para alguém, em algum lugar de mundo, descobrir que o amor pode sim mudar vidas e construir sonhos (mesmo que eles desabem algum tempo depois).

Nunca me esqueço de quando eu coloquei esse nome no meu blog. Eu escrevia algumas bobagens na sala de aula e um amigo meu me disse que eu era uma bosta, e depois me disse que eu era uma Poeta de Privada. Não gostei do elogio mas gostei do nome. E tamo aí, poetiando com um mate dos bons nessa tarde linda. 

Agradeço a quem um dia visitou esse blog e me escreveu algum comentário. De verdade!

Paz

De repente a gente se conheça de novo. Numa boate qualquer, com pessoas quaisquer, com um olhar qualquer. De repente tudo esteja recomeçando, como se tudo o que já vivemos tenha sido apenas uma preliminar do que é dito como "vida". Vamos, se solte! Vamos dançar mais umas músicas, beber umas geladas, cantar alegremente, merecemos! A gente sempre precisa acreditar em alguma coisa, mesmo que essa coisa seja totalmente fora do nosso senso de realidade - é preciso acreditar, pois é isso que nos mantem sãs, tendo em vista a loucura que é percorrer os caminhos da vida. Sempre existe, mesmo que seja lá no fundo, uma esperança intensa e profunda de que algo bom aconteça. Uma esperança que rege a vida da gente, que nos coloca a par de uma realidade diferente da nossa, que nos faz tormarmos as decisões mais emotivas e significativas para o nosso coração - não pra gente. Tenho anasalido constantemente cada milímetro do teu corpo para ver qual pinta está fora do lugar, se a cor da tua pupila ainda é a mesma, se o teu olhar em mim ainda brilha. E vejo, meu amor, que mesmo lá no fundo (como eu havia dito) - sinto - que há sim uma esperança muito grande dentro de nós, que nos dá força para continuarmos com nossas decisões frustantes e ressabiadas. Mesmo que voltemos para a realidade da nossa vida de forma negativa, as coisas se superam na medida em que os dias passam. E eu continuarei aqui, com minha eterna esperança equilibrando a minha paz interior. De repente a gente se conheça de novo. Ou de repente a gente nunca havia se conhecido antes. Tudo depende do ponto de vista. Tudo depende de que ponto tu queres começar. Porque, de repente, nada de dentro da gente tenha mudado. De repente tudo tenha continuado igual.

segunda-feira, 19 de novembro de 2012

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Abra a porta da tua casa antes que eu a derrube. Me deixe entrar e aplaudir a beleza que foi e continua sendo ter-te em minha vida. Deixa que eu te mostro que o caminho é limpo, que o céu ainda brilha e o sol ilumina os nossos olhares. Deixa eu cantar as canções que fiz pra ti e todos os poemas dos quais nunca te mostrei, nem se quer comentei tê-los escrito. É só abrir a porta e me deixar entrar. Tenho tantos rabiscos tortos que até a penumbra da noite se torna mais bela que eles, mas também tenho tantas outras coisas vivas; tenho a força de vontade e a garra de querer sempre melhorar; carrego no meu peito e na minha alma a intensa força pela vida e suas confusões. Me deixa te mostrar que eu ainda estou no teu peito e na tua alma, que tu ainda me tem dentro de ti. Que ainda existe um nós, que ainda somos nós...

"Eu queria, por um dia, conseguir mudar…
Deixar de ser errante, por um dia não andar.
Eu tenho uma ferida de cada lugar
Em que deixei guardada a solidão
E é por isso, minha linda, que eu não sei lidar
É muito mais do que meu peito pode suportar
Não quero sonhos com hora marcada pra acabar
Prefiro essas histórias imperfeitas pra contar".
 (E o resto é nada mais - Fresno)

domingo, 18 de novembro de 2012

Meu tudo


Avulsos

Por quanto tempo a gente para e analisa criticamente o que estamos fazendo? Será que existe, ainda agora, principalmente agora, essencialmente agora, algo que fale por nós? Algo que grite por nós? Algo que desabe por nós? A vida tem tomado proporções distintas nessa minha caminhada. Cheguei em certa etapa de exaustão, cansaço, falta de prazer e satisfação em fazer mínima coisa que seja. Vejo as pessoas se espalhando pelo território do mundo. Meus amigos se tornaram conhecidos. Minha vida se tornou - e se torna - cada vez mais imprevisível. Eu temo a saudade. Eu temo a dor. E estou temendo o amor. E o que me resta agora é escrever, nesse vago espaço de tempo entre o meu e o teu eu, descrevendo as sensações horripilantes a que me colocou para sentir, desistindo de uma caminhada que por muito tempo foi a minha vida, a minha história, a minha essência; sendo contrariamente obrigada a fechar mais um capítulo do meu livro sem nome, cuja história se baseia na confusão dos meus dias. O próximo parágrafo eu não sei, a próxima canção que tocará também. Mas posso dizer que sei que o fim chega para algumas coisas começarem, que um novo capítulo existirá e será ainda melhor. Agora eu vou correr sem olhar para trás, e vou me perder nessas bilhões de estrelas que um dia ainda hão de brilhar a minha vida, nesse céu azul me dispersando do que um dia eu fui. Serei eu, em outra vida, em outra história, em outro romance.

sábado, 17 de novembro de 2012

Farol

Apagou a luz do meu farol. O cais permanece desolado, quieto e angustiante. Tenho tido pesadelos quando durmo - quando durmo. E agora só vejo e revejo e observo o encontro das luzes do meu olhar solitário. Tenho tido dias difíceis, mas estou me conformando. É uma brisa que se desloca e a cada segundo tenho a impressão de estar um segundo a menos nessa vida, e me desespero por querer estar uns dois ou três ou quatro segundos a mais. Eu gosto de viver, só não gosto de amar, o que é, infelizmente, assustador para alguém como eu. Agora a luz veio me buscar e eu sei que estou pronta para ir. E eu sei que estou pronta. E eu sei.

sexta-feira, 16 de novembro de 2012

Sem título 2

A gente se desfragmenta todos os dias. Tem pedaços de mim - de todos nós - em diversas partes da cidade. As pessoas não percebem, mas estamos constantemente nos desviando da vida, a deixando mofar com histórias empoeiradas passadas. E perdemos a chance, talvez a última delas, de juntar todos os fragmentos deixados para trás e reconstruí-los com nossas próprias mãos. A estrada que a gente tanto zelou fez com que a luz do sol pudesse nos cegar. Há tempos não saíamos do lugar, não enxergávamos o dia como ele realmente é sem as pretensões e expectativas desgastantes. E no lugar de onde saímos não tinha música que pudesse nos abalar, não tinha som que escutássemos que não soasse sincero e desafiador. A vida nos surpreende. E a gente se perde em cada uma dessas surpresas.

"Será que há alguém por aí?"

Sem título

Só consigo enxergar os papéis avulsos sobre a mesa. E nada mais. Não há nada que seja puramente previsível e, honestamente, ver os escombros e tentar fugir deles é pior do que rastejar até o cais. Nada faz sentido. E tudo permanece igual.

domingo, 28 de outubro de 2012

sábado, 27 de outubro de 2012

tua voz, teu gesto, teu jeito.
chuva que se jorra na minha cara
e me acorda.
meus rabiscos são insuficientes
pra tamanha beleza
não cabe aqui, meu amor...
mas cabe em mim.

infinito

o infinito é mais bonito se tu vieres comigo.

Vem!

vem, não demora
que a vida é breve
que o samba passa logo
e a gente perde
a hora de ver o sol se pôr.

vem, vem agora
e traz contigo a saudade
que eu deixei guardada em ti
todo esse tempo que passou.

toda noite é pouca pro meu sono
por isso vem dormir comigo
que eu já não sei mais dormir sozinha
e a noite contigo é mais fina que uma linha
e tão doce que eu só sei dizer: vem.

Eu tô carente

eu tô carente e quero teu corpo grudado no meu
quero que teus versos se cruzem com minha vida
que a tua dança embale o meu coração.
eu fico carente quando ouço a nossa música,
e fico carente quando me deixas sem opção.
eu tô carente e vou continuar carente,
se tu não vier aqui agora e me dar um beijo
do tamanho ou ainda maior,  que esse mundo louco,
que essa vida insana,
um beijo que apague as luzes da cidade
e que faça acender a nossa chama.
e tudo isso é pura carência, meu amor.

Palavras

Já faz tempo que as palavras que eu profiro saem tortas de minha boca. E agora ouço Queen ao invés de suspirar Bon Iver. E sorrio do ar fresco que bate no teu olhar e mexe nos teus cabelos e remexe os teus lábios que me tocam tão, tão, tão suavemente. E eis que estou aqui, mais uma vez, pensando que meu sono é infinito mas não durmo porque temo a morte, a vida, a loucura desses dias me atordoando, me corroendo, me enlouquecendo. Já faz tempo que estou cansada da insanidade, da verdadeira merda que é corromper qualquer emoção, qualquer palavra mal dita, qualquer frase agonizando paixão ao invés de amor. Descobri que "imprevisível" é o apelido da vida, cujo sobrenome não é dito para que não nos assustemos. Além de todas essas descobertas, me vi de frente, cara a cara com torpedos de luz em um espectro de cor cinza desiludindo qualquer coisa que pudesse ser confundida ou compreendida com o amor. E descobri, também, que tudo que se passa por estes olhos azuis que aqui clamam por calmaria, nada mais são que abstratos escritos em pequenos feixes de luzes que nadam sob nossa vida. Somos átomos perdidos. E eu não falo, só cuspo as palavras que mesmo saindo tortas, não deixam de ser palavras.

sábado, 29 de setembro de 2012

- a voz sussurra.

Eu vejo teus olhos remelados acordando agora. Vejo teu corpo sentado na cama absorto. Vejo teus dedos se alargando. Vejo teu rostinho lindo gritando que me quer, que me quer, que me...  E me procura, e sai correndo. E tenta. Eu tô aqui, eu tô aqui - a voz sussurra.



"Queria, por um dia, conseguir mudar
Deixar de ser errante, por um dia, não andar
Eu tenho uma ferida de cada lugar
Em que deixei guardada a solidão
E agora, o rosto no espelho eu não conheço mais
Não tem volta, e tudo que me resta é prometer
Não pretendo te iludir, dizer que isso vai durar pra sempre
Não pretendo te enganar até o meu coração não bater mais
Há muito tempo eu aprendi, nem mesmo a nossa morte é permanente
O tempo vai se encarregar de tirar a minha e a tua paz"
Lebruce, Visconde.

Base

A vida se baseia nos princípios da arquitetura: planejar e construir casas, edifícios, etc. Para isso precisamos de uma base. Na vida real, essa base é o que nos rege e nos dá força. Eu poderia dizer inúmeras vezes: "eu amo você, eu quero você", mas é inevitável pensar que sempre existirá um certo dia que realmente faça essas palavras nos impactar com muito mais força do que o normal. Fomos alvo da imperfeição de um arquiteto. Somos uma construção um pouco mais evoluída do que o normal (ou não), e precisamos de uma base para nos erguermos. É como a China ou o Japão, países que são aterrorizados com grandes impactos tectônicos e exatamente por esse motivo os arquitetos prezam por uma construção cuja base é mais segura que o normal. Quando as pessoas passam por esses tormentos e estão em um lugar construído "à prova de terremotos", o sentimento protetor de estarem em um lugar acolhido e seguro é ainda mais intenso. Quando estamos com nossa base intacta, estamos de bem com nós mesmos. E não importa se fomos alvo de um arquiteto imperfeito, se o que há de melhor nessa vida é justamente a imperfeição. Eu ainda sou a sua base? Reflita bem.

Metástase

Talvez eu realmente tenha perdido aquele ar doce, meio distorcido e acumulado de tesão ou seja lá o que for. Eu sei que algumas coisas vão embora, outras ficam, e mesmo assim ainda não há conformidade. Não fui feita para contrariar os princípios da vida, sequer para contrariar os meus próprios princípios. Seja lá o que for que nos importe agora, não há nada que me importe, não há nada que me comova. Talvez eu realmente tenha perdido alguma coisa. Talvez só agora, depois de tudo, eu consiga falar, mas sabes, assim como perdi também me sinto perdida, compreende? E essa perdição não pode ser justificada pelas ações do vento, do mar, da vida. Não posso culpá-la por estar perdida. E também não posso culpar você porque também se perdeu comigo. Enfim, somos alvos (e continuamos sendo) da contradição, da garra, do dever não cumprido. Isso soa tanto como uma metástase agora. Soa como uma doença não tratada devidamente se espalhando por nossos corpos nus, deteriorando quaisquer elementos que percorram nosso sangue, acabando com a vida celular, multiplicando nossos genes. Como uma doença auto-imune. Como um apocalipse dentro de nós. É o que parece.

quinta-feira, 30 de agosto de 2012

Llamada

No había nadie en el bar salvo ellos dos, una pareja de adolescentes sentados frente a frente, bebiendo inocentes refrescos de naranja.  En la mesa entre los vasos habían dejado abiertos los teléfonos móviles, que sonaban a veces y entonces él o ella se ponía a charlar alegremente con un ser ajeno e invisible mientras el otro se quedaba hierático.  El chico estaba muy enamorado de la chica, pero era incapaz de manifestarle su pasión.  Sólo se atrevía a mirarla con intensidad a los ojos y ella ya había captado las turbulencias del corazón de su amigo y también le amaba, pero no podía ayudarle en nada, debido a su extremada timidez.  Hablaban de cosas anodinas, sin comprometerse en absoluto.  Las palabras iban del uno al otro directamente a través de la vibración del aire sobre el mármol de la mesa.  El chico necesitaba declararle su amor y la chica esperaba que lo hiciera ya de una vez, un sueño imposible, porque entre ellos había una barrera psicológica insalvable. El corazón de los adolescentes tiene hoy un compartimento más.  Se compone de dos ventrículos, de dos aurículas y de un teléfono móvil, que también bombea sangre De pronto, este joven tímido y enamorado tuvo una inspiración.  Usó el móvil para hablar con la chica que tenía delante sin dejar de mirarla profundamente a los ojos.  Cuando sonó la llamada la chica descolgó.  La pareja comenzó a hablarse de forma descarnada como si fueran invisibles.  Ninguno de los dos ignoraba que a través de los móviles su voz se convertía en ondas electromagnéticas, viajaba al espacio sideral y luego volvía para penetrar en el cerebro del otro.  Brutalmente desinhibido el chico le dijo que la amaba La chica le contestó que todas las noches soñaba con él. 

 VICENT, Manuel. "Llamada". El País, 8 de deciembre de 2002, p.64. (Adaptado)

sábado, 18 de agosto de 2012

Coldplay - Low


(...)

Pouca coisa é mais perigosa que o óbvio, essa âncora que paralisa o pensamento e induz à falsidade, à distorção, ao erro.
Flexível é aquele que muda quando considera adequado mudar.
Volúvel é aquele que muda por qualquer coisa.
Deseje o melhor, e prepare-se para o pior.
Paixão é a suspensão temporária do juízo e da razão, é uma expressão da irracionalidade.

O que a vida me ensinou

Mario Sergio Cortella

Shakespeariano

Shakespeare disse-me:
"enquanto houver um louco, um poeta e um amante,
haverá sonho, amor e fantasia.
E enquanto houver sonho, amor e fantasia,
haverá esperança".
Então segui dormindo e fajulando
os inocentes que não tem coração
dessa vida louca e breve que não vale
a palma da minha mão.

Intense

Sabes, demorei um tempo para perceber
que é teu sangue que bombardeia meu coração,
que é a tua voz que canta a minha canção,
que são teus dedos que se cruzam com os meus.

terça-feira, 5 de junho de 2012

Quero teus beijos. Quero ele e todas as outras coisas boas e bonitas que ele me traz. Assim como o vento sopra frio meu coração sopra o quente. Meu corpo, cada vez mais egoísta, grita pelo teu nome nos finzinhos de tarde, quase noite, e também nos começos do dia - o amanhecer. Nas minhas veias corre o sangue mais vermelho já visto, nas tuas o mais doce. E somos os opostos mais parecidos de todos. Sorrimos, mesmo que o frio permaneça; brigamos, mesmo que o sorriso não se controle. A verdade - assim como a felicidade - nos consome por inteiro e isso nos faz sermos quem realmente somos. Coração não é tão simples quanto pensamos. Fomos feitos para sentir, seja lá o que for, e se não sentirmos, a sede de vivências e experiências jamais será saciada. Somos deveras viciados, dos piores. Mas por mais que falamos, falamos e falamos, de nada dizemos, mesmo que as palavras nunca acabem.

Holocausto

Falo sem a precedência de um amor qualquer. Nas estórias desastrosas que o caminho da vida nos permite viver (ou morrer, simultaneamente) o jogo se foca nas experiências estúpidas que somos obrigados a sentir. Aqui, no lugar em que me encontro bordo ao redor da tua casa o desfecho dos meus sentidos. E vejo que se tu estás aqui é porque quer realmente estar. E vejo tantas coisas que se confundem em minha mente - rabiscos tortos de um olhar qualquer. Sentia falta disso aqui, da minha casa, do meu lar. Sentia falta de sentar à esta humilde cadeira e percorrer os milhões de quilômetros distantes do meu lugar. A música continua a mesma. O toque na pele, o beijo. Até os versos que eu canto vezenquando continuam tão mais lindos e puros. E eu também. Mesmo que na metáfora da vida a gente se perca às vezes, eu consigo compreender as minhas futilidades tal qual entenderia as tuas. As respostas que antigamente eu não conseguia enxergar estão cada vez mais claras dentro de mim. Estou a pé nesse holocausto de lembranças ruins, mas estou bem. O mundo que nesse planeta gira faz a minha órbita mudar toda hora de lugar. E toda hora é pouco para quem quer viver sempre mais.

sexta-feira, 25 de maio de 2012

Sobre ficar

É normal que algumas coisas venham para ficar. Estranho mesmo é quando este ficar é mais repentino e breve quanto a própria chegada. E ainda nos dizem que as expectativas nos tornam distorcidamente grandes idiotas iludidos. É uma perfeita comparação. A chegada pode nos proporcionar o maior prazer do mundo. Talvez em outras palavras, a chegada signifique ainda mais do que meus escritos compõe aqui: pode ser o azul do céu de alguém, o príncipe encantado que veio à cavalo; ou coisas simples como, por exemplo, a pupila dilatada e brilhante de um alguém que sorri espontaneamente. E ainda há quem diga que não somos humanos! A partida é só uma metáfora de que a vida é realmente encantadora. Porque só parte quem nunca esteve aqui e, se somente, e só. No entanto, ainda assim choramos, nos magoamos, gritamos, corremos. Muitos escondem, outros exalam o fedor de cachaça de uma noite podre e hipócrita. Outra coisa: não nos foge do assunto, nem da vida ressaltar que a realidade e um bom copo de vinho às vezes pode ser melhor do que qualquer partida. Porque partir dói mais do que qualquer outra coisa. É por isso que eu to feliz. Porque quem partiu, se foi. E quem chegou me trouxe "o azul do céu, o príncipe encantado que veio à cavalo, brilhou minhas pupilas...". E é bom que você fique por aqui. É bom que você ficou. Porque eu tenho pressa de viver a tua chegada. Porque eu sei que vou desconhecer a tua partida.

E ainda há quem diga que não somos humanos...

domingo, 6 de maio de 2012

Narciso

desfocadamente te olho nua
e te reergo ao auge
te admiro e te faço rir
te quero tão bem, que te quero
e te dou meus inspiros
te faço dar suspiros
e te digo que és tão minha,
que és tão bela,
que és minha estrela divina,
que sou teu Narciso, meu bem,
que o espelho plano em que me olho
te curva tão bem.

terça-feira, 24 de abril de 2012

O poeta "daí"

aonde quer que seja
o lugar mais bonito do Universo
que seja aqui, cada vez mais lindo
o destino pré-escrito
por um cara desconhecido
que não ouso querer conhecer

e fostes um dos poetas mais ousados
que talvez, um dia, eu descubra teu nome
por enquanto eu aguardo ansiosamente,
por um dia a mais aqui e milhões a mais aí.

Eutanásia

suspenderam nossos suspiros
desfizeram nossos planos
e transcrevemos olhares,
sorrisos amarelos...
juntamos as partes
as faces, os tetos...
e nos tiraram tudo
as paredes, os muros...
e morremos juntos
como Romeu e Julieta,
como os poetas pequenos
com seus próprios venenos.

só restou o calafrio, seguido por um arrepio.
constantemente.

sexta-feira, 20 de abril de 2012

O ar

Quando a gente enxerga aquele olhar confidente que nos acalma corpo adentro e satisfaz quaisquer sejam os nossos desejos, devemos agarrá-lo com força e nunca mais soltar. Porque a vida passa por um triz e o que nos sufoca é a plena consciência de que algumas coisas, se deixarmos, se vão, correndo o risco de jamais voltarem ao encontro do nosso abraço. Eternos sejam aqueles que diluem das suas lágrimas para fortalecerem o azul dos céus. Bonitos os que dão como ombro amigo não só o ombro, como o braço e o abraço, o beijo e sonhos a desejar, uma guerra para ganhar. O muro que cobre e escurece uma cidade inteira não compreende que o sol é muito maior que qualquer outra coisa e se estende por completo o seu relento a encantar. Sejamos tão mais simples, com pureza nas veias que bombardeiam os nossos corações. As artérias que não interrompam vidas, sequer destruam laços e afeições. Que uma morte não seja a causa inadíavel de uma união familiar, nem as portas para um novo caminho; que seja a estrada da libertação espiritual, promovendo a paz em todos os nossos corações. Que sejamos como o ar: leve e transparente, ao seu favor.

quarta-feira, 11 de abril de 2012

Tempo

eu tenho tanto tempo
e ao mesmo tempo
não tenho tempo pra entender
que o tempo é o mesmo
a mais ou a menos.

segunda-feira, 26 de março de 2012

Novos ventos

o sol que brilhava
algo queria me dizer
então eu, silenciosamente, suspirava
e o vento me dizia o que escrever

eu sentia as ondas do mar
cintilarem aos meus ouvidos com um sopro qualquer
e me escondia na tristeza de não encontrar
algo sem sentido que me fizesse me perder

então eu pensava
que o ar estava poluindo o que eu sentia
que a vida estava corroendo a minha vida
que eu não era o que eu queria ser

e de certa forma eu me contentava
com o ar puro que algo desconhecido
me permitia sentir o arrepio
de novos ventos a surgir.

terça-feira, 13 de março de 2012

Surgir

eu gosto de sumir
quando as ondas vem
e tudo que você enxerga
é a água se contorcendo
e gelando corpo adentro

e gosto de aparecer
numa ilha qualquer
ou no naufrágio dos dias
nas horas indevidas,
no cansaço ou sonolência do teu ser
quando menos esperas,
reaparecer.

domingo, 11 de março de 2012

Abstrato

ninguém precisa entender
o que minha poesia quer dizer
só preciso que leiam
para alimentar a minha sede
de transformar tudo que eu vejo
em um abstrato feito a quatro paredes.

Roteiro

o roteiro que a vida trilha
é um caminho sem direção definida
onde os ursos e raposas se escondem
atrás de arbustos e árvores na estrada.

quem escreveu essa história
conhece o desfecho
que os personagens viram pó
e algumas vezes se perde o enredo.

que os vilões vão viver
até a cartilagem da pele cair
que os ossos vão apodrecer
e que a vida passa por um triz.

quem escreveu essa história
não vive mais, mas continua sabendo
a hora certa de arrancar a página
e recomeçar outro parágrafo escrevendo.

Poema rasgado

O agudo da tua voz
combina tão bem com o rouco da minha
e não há estrela que duvide,
não há som que revide,
não há vida que julgue
o que só eu e você sabemos que existe
dentro do oceano que mergulhamos
dentro da pupila brilhante do meu poema rasgado.

Amo-te eu

Eu te amo e não é de hoje,
meus olhos entregam minha afeição
meu coração não canta qualquer canção
e eu sigo descobrindo meus caminhos.

Eu te amo e queria poder não despertar
dos sonhos que eu criei para te guardar
e não queria sair daqui, debaixo das árvores
nesse ar fresco que nos trás felicidade.

Eu te amo e não há rima que diga o quanto
não há poesia capaz de se igualar ao que eu sinto
não há vida que valha um momento só ao seu lado.

Eu te amo e não é de hoje, mas sim de sempre
e sei que meus olhos entregam através do brilho
e sei que tu vais trilhar o caminho que eu trilho.

sábado, 10 de março de 2012

Um olhar escondido

   A vida de Alicia era amargurada como a minha. E talvez eu devesse me calar ao invés de julgar a amargura da vida alheia, sabendo que a minha amargura é ainda pior, ou quem sabe, tentar encontrar justificativas das quais a vida das outras pessoas é amarga para que só assim eu consiga justificar a minha própria amargura. Se fosse simples, eu teria o feito.
Como se não bastasse ser amarga, Alicia ainda tinha que aguentar pessoas chatas e idiotas reclamando sobre o refrigerante que passou da validade ou o suco de saquinho que não diluía – tendo em vista que ela trabalhava em uma central de atendimento de três empresas conjuntas. Às vezes, ao invés de simplesmente atender a telefonemas, também tinha que ligar para oferecer brindes e pacotes promocionais, tendo que ser carismática o suficiente para que o cliente aceite a proposta precedida.
No entanto, ninguém jamais imaginara que por trás daquela garota amarga e estressada (com toda razão, é claro), havia uma grande pintora de rostos. Nas horas vagas ela saía de casa para encontrar mendigos, pessoas estranhas, drogados e qualquer face que pudesse vir a surgir um quadro bonito. E se curvava a cada pintura, olhando cada vez mais fundo nos olhares, testando cores e contrastes para que houvesse sintonia e harmonia em suas pinturas.  Embora ela quisesse expor mais alegria em seus trabalhos, raramente o conseguia. Alicia tinha uma obsessão por pessoas misteriosas e talvez seja por isso que suas pinturas quase sempre saíam estranhas.
Passado algum tempo sem pintar, seja por falta de vontade ou por fracasso emocional, Alicia resolveu procurar um circo em sua cidade, pois pensava que se ela fizesse a face de um palhaço sua pintura ficaria mais alegre e ela poderia ser reconhecida cada vez mais. E acabou encontrando o palhaço Xita, que aceitou a proposta de ser pintado.
Alicia não conseguia demonstrar nenhum tipo de emoção quando pintava. Algumas pessoas julgavam-na como louca, pois ela saía do mundo da realidade e entrava para o seu próprio mundo, da qual ninguém mais fazia parte. Poderiam cutucá-la, falar com ela, gritar em seus ouvidos que ela, ainda assim, ficava imóvel, apenas se concentrando na pintura que estava fazendo. Com o palhaço Xita não era diferente. Ela o mandou sentar em uma cadeira ao ar livre e pediu para que fizesse a expressão facial que quisesse. Ele logo sorriu, como todos os palhaços fazem.
Quem visse seu sorriso não imaginaria tamanha dor que dentro dele latejava peito adentro. Mas Alicia viu e sentiu, como se a dor fosse sua também. Raramente ela percebia o que se passava dentro de alguém.
Ao terminar a pintura, o pessoal do circo, amigos de Xita, estavam ansiosos para ver como a pintura havia ficado, mas Alicia não deixou ninguém ver e pediu para que todos eles a deixassem a sós com Xita.  Foi então que tudo parou. Alicia pegou na mão de Xita e disse o quanto sente muito pela morte de seu filho. Xita ficou perplexo, pois não esperava que ao invés de mostrar-lo o quadro, Alicia se lamentasse por uma coisa que ele não havia contado à ela e muito menos a ninguém. Ela percebeu a dúvida no ar e mostrou a pintura à Xita, que pôs-se a chorar. Ele esbanjou toda sua dor e gritou enlouquecidamente o que sentia.  Todos os seus amigos que antes se perguntavam por que tamanho escândalo, ao verem a pintura perceberam que o retrato de Xita era um palhaço chorando, embora sua expressão facial ao ser pintado foi um sorriso de orelha à orelha.
            Alicia se retirou do local, levando o quadro consigo e apenas uma resposta: não se pode esconder o que os olhos entregam, nem tentar sufocar a própria dor no peito.  A resposta sempre estará no olhar.

quarta-feira, 7 de março de 2012

Ela

Foi quando olhei pra ela e disse que havia achado o grande amor da minha vida. E disse tantas outras coisas que agora não me vem à cabeça, mas que circulam em roda dos meus pensamentos o tempo todo, repetindo constantemente aquilo que eu realmente não sei o que é. Desesperadamente corro vida afora. Vejo o tempo depressa passar e a cada suspiro do vento uivante, me desafio a enfrentar qualquer coisa que se possa imaginar impossível, desde que isso prove à ela o quanto é irresístivel pensar em suas pupilas pretas e grandes, em seus olhos esverdeados que me confudem, nas suas mãos repletas de gestos surpreendentes e quentes, em seu pescoço que se curva lentamente para chegar até a minha boca. E me ensino, nesses dias velozes, que a vida é uma eternidade que passa rápido, mas sempre intensificando os melhores momentos para que a memória que se acumule seja mais linda que ela, para que a história se torne mais interessante, para que as respostas sejam ditas e as verdades jamais escondidas. Sim, amar é encontrar nas palavras o poeta que se esconde nas entrelinhas, o mistério e a emoção que desencadeiam o verbo sentir.

sexta-feira, 2 de março de 2012

Livro "Infinitamente Mulher"*


O Dia Internacional da Mulher promete ser muito especial em Santiago. No próximo dia 08 de março acontecerá mais uma edição do evento Mulher Nota Mil, promovido pelo Centro Materno Infantil. Desta vez, o evento será em frente da Estação do Conhecimento, a partir das 18h, e contará com diversas atrações: apresentações musicais, sorteio de brindes, corte de cabelo, verificação de pressão arterial, entrega do prêmio de Mulher Revelação e brincadeiras, com a participação de caravanas do interior e dos bairros. O ponto alto será o lançamento do livro "Infinitamente Mulher", produzido em parceria com a Casa do Poeta. A obra reúne 55 mulheres de Santiago que mostram seu talento literário, ajudando a divulgar a Terra dos Poetas. Todas elas serão agraciadas com o certificado de Mulher Nota 1.000.

Confira as 55 escritoras que estão participando do livro:
  • Aldorete Senhorinho Martins
  • Aline Souza de Souza
  • Amanda Benvegnu dos Santos
  • Ana Paula Milani
  • Ana Paula Sangói Campos
  • Ana Rauber
  • Andressa Vieira Obem
  • Angela Maria Genro
  • Angélica Erd
  • Antonia Nery Vanti
  • Arlete Cecília Tusi Cossentino
  • Arlete Gudolle Lopes
  • Ayda Bochi Brum
  • Camila Canterle Jornada
  • Camilla Cruz
  • Clarissa Guerra
  • Cláudia Inês Larre
  • Deise Pinto Marchezan
  • Delina Porto Guarize
  • Diessica Carlosso Boff
  • Eduarda da Silva Bittencout
  • Enadir Obregon Vielmo
  • Érica Bassin Fumaco
  • Erilaine Perez
  • Fátima Friedriczewski
  • Fernanda Alberti
  • Gabriela Alberti
  • Heloísa Flôres
  • Iára Marlene Mezetti
  • Ilma Bernardi
  • Indiara Silva
  • Janaína Almeida Vargas
  • Jocimari Lopes do Nascimento
  • Juliana Rigon
  • Lígia Rosso
  • Lilian Ferraz Zanella
  • Lise Fank
  • Louise Garcia Machado
  • Luana Almeida Teles
  • Luana Diello
  • Maiara Jantsch
  • Marla Gavioli Ramos
  • Marlene Brasil Brandão
  • Naíse Munhões Quartieri
  • Nara Bachinski
  • Nathália Nunes Cogo
  • Nivia Andres
  • Nuraciara Xavier
  • Rozelaine Aparecida Martins
  • Sandra Ivaniski
  • Tais Cattelan Boff
  • Tassiane Kother do Canto
  • Tatiana Vier
  • Thays Stefanon Rodrigues
  • Therezinha Lucas Tusi
Além de Gisélle Ribeiro (Apresentação) Adriana Madrid (capa) e Tainã Steinmetz (diagramação).

O evento tem os seguintes parceiros: Hospital de Caridade de Santiago Uri-Campus Santiago, Hadassa- Escola e Estética, Casa do Poeta de Santiago, Emater Santiago, Ervateira São Gabriel, Viação Centro Oeste e Márcia Fontana- Site Beebop.

*Extraído do blog da Casa do Poeta de Santiago.

quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

O homem dos infernos

cuidado! um homem que vê tudo
pode não ver nada
pode não ver a vida
e pode rir à facadas
pode só ver o inferno
e ainda assim, o achar gelado
pode se esconder em qualquer hemisfério
que ainda assim, será achado.

Terror

um bêbado vagabundo
vagou vagarosamente pelas ruas
esculpindo rostos que não existiam
distorcendo verdades
exalando no ar o cheiro da desgraça
do blues enlouquecido
que dizem passar,
passou e voltou
e ainda assim, o chamam de "amor"
que horror, que temor
que o poema se tornou
no decorrer desse terror.

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

Anatomia do recomeço

As emoções sufocam a mente.  O coração acelera tão fortemente que só assim percebemos a nossa capacidade de amar. Mas não sabemos da grandeza do nosso cérebro em preservar essas emoções. Não sabemos quão grande as nossas lembranças se tornam após uma perda, mas sabemos que muita coisa fica congestionada no nosso sistema límbico. Essas lembranças se tornam forte a cada batimento acelerado do coração. As coisas que antes não faziam sentido, ou pelo menos não enxergávamos, começam a aparecer interligadas às nossas emoções.  Não conseguimos em hipótese alguma compreender determinadas sensações, mas compreendemos que o sangue que circula em nossas veias tem em grande parte um pedaço do carisma e do rosto daquele amor, que por mínimo que seja, nos mostra o quão forte somos para enfrentar certas situações. O coração bombeia sangue. Os nossos ossos são obrigados a não se quebrarem quando nossa situação emocional se quebra. O nosso subconsciente admite: temos que superar. E superamos. Embora saibamos que o ato de superar não depende do nosso corpo, mas sim da nossa vontade. E querer se torna tão mais forte à dois. Da mesma forma que amar, sentir, tocar. São mínimas sensações que causam um curto-circuito no nosso cérebro. A cada lembrança a velocidade em que o coração bombeia sangue aumenta. A cada perda as lembranças se tornam constantes, dominando maior parte do consciente. A cada amanhã temos um novo recomeço. E até um recomeço fica mais forte à dois.

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

MÚSICA PRA PENSAR

Beeshop - Save Me


(...)
Agora quem vai me salvar?
Quem vai me fazer sentir bem?
Você não pode simplesmente me apagar.
Querida, como você consegue dormir a noite?
(...)
Mas por que eu sempre sou o único
Que termina precisando de uma mão pra tirar do fundo?
Porque eu sou sempre assim?
Alguém me diga, por favor, yeah.
(...)
Por que o sol nunca nasce
Quando estou com medo da noite (Não consigo ver a luz)
Por que não tem ninguém
Não tem ninguém
Não tem ninguém
Não tem ninguém.
(...)
E eu sei que sempre
Estamos condenados a cruzar o caminho um do outro.

Último suspiro


Ao amanhã, o ontem esbanja esquecimento. Ao hoje, a dor ainda culmina, arde, entristece, desaponta, rasga a pele, o peito, a alma. E os destroços do meu eu decepcionam aos outros olhos. Eu constantemente me quebro, te quebro, nos parto em dois, divido o nosso amor e o transformo em algo que eu não sei o que é. Não celebro tanto a vida. Desperdicei dos momentos mais incríveis dela por outras que não significaram nada para mim. E tem sido difícil. Agora, os demais dias e outros que ainda virão. O ontem e hoje, tem sido difíceis, estranhos, paralisantes. Eu estou me sentindo presa entre um carro e uma árvore. O carro me parte em pedaços contra a árvore e eu não consigo ver nada mais além do meu próprio sangue. Dizem que a dor, quando demasiada, pode parecer ter sido suportada. Eu concordo. Quando se dói demais, acaba nem doendo tanto. O corpo acostuma. Os olhos marejam e as lágrimas ressecam. Também ouvi dizer por aí que nas esquinas se encontram de todas as pessoas possíveis. Daquelas que perdoam, mas não esquecem. Aquelas que não perdoam e nem esquecem. Aquelas que crucificam até o último momento. E, inclusive, aquelas que tem toda razão, ou que não tem nada mais além do que atitudes que a condenam para o resto da vida. Não sou vítima, sou culpada. E confesso o meu crime, mais uma vez. Pelo amor que guardo em meu peito, pelos dias lindos que passei e que passarei ao teu lado, pela presença inesperada que fui em tua vida, por lutar tanto e machucando tanto, colocando em dúvida a coisa mais preciosa que ousei sentir. Por não negar querer-te tanto. Por pagar, ainda assim, mesmo com toda a dor do mundo e o maior medo de perder-te, todos os meus erros. Te quero, mas não te mereço. No entanto, não vou poupar minha energia para ter-te todos os dias da minha vida, até o meu último suspiro.